(Liturgia do Décimo Sexto Domingo do Tempo
comum)
Esta página
do Evangelho é, talvez, uma das mais discutidas. O eterno contraste entre a
posição de Marta e a posição de Maria tem estimulado as mentes dos que
pretendem, ora privilegiar o a vida contemplativa e reflexiva, e ora a vida
prática e apostólica e/ ou da atividade.
Por outro
lado, este particular episódio se enquadra no Evangelho de Lucas logo depois do
texto lido no domingo anterior, a respeito do bom samaritano e, portanto, com relação
às necessidades do próximo.
Tanto lá,
como aqui, é impossível pensar em situação oposta.
A conclusão
“Vá e faze a mesma coisa”, do domingo
passado, se completa com “Maria escolheu
a melhor parte e esta não lhe será tirada”! Ignorar essa perspectiva, não
faz sentido, porque ensina que o ativismo tem um fim em si mesmo.
Como é
possível haver contradição, se pensamos que devemos ver o rosto de Cristo que
se esconde nos sofrimentos das pessoas?
É Paulo que
nos ajuda a compreender essa realidade quando diz: “Alegro-me de
tudo o que já sofri por vós e procuro completar em minha própria carne o que
falta das tribulações de Cristo, em solidariedade com o seu corpo, isto é, a
Igreja”.
Marta não é
reprovada por Jesus por aquilo que faz, mas, porque, como disse Jesus, “Marta, Marta! Tu te preocupas e andas agitada por muitas coisas”! Parece
que Marta quase não tem predisposição para a escuta e para estar aos pés do
Mestre.
Tudo o que se faz deve sempre ser
feito e buscado pelo fato de ser mais importante, isto é, “a melhor parte”, que não pode ser outra a não ser o salvador e a
salvação!
A partir disso, não é difícil
concluir que o sofrimento sem cruz é uma realidade quando as coisas e os
projetos deste mundo nos absorvem.
Esta é uma afirmação um pouco polêmica,
mas baseada na constatação de que, dos dois ladrões que estavam ao lado de
Cristo na cruz, apenas um sentiu a necessidade de voltar-se para Ele e, só por
isso, a condenação à morte, finalmente, encontra o seu sentido. Esse sentido
evidencia, como Maria intui, que “uma só
coisa é necessária”.
A posição de Maria não deve, portanto,
ser entendida como cômoda ou, pior ainda, como preguiça e/ou perda de tempo.
Pode significar estar na cruz,
mas com o olhar voltado “para a melhor
parte, que não lhe será tirada”. Esta é a certeza da promessa! Paulo funda
o seu ministério sobre essa convicção!
Este é o sentido do mistério “escondido nos séculos às gerações passadas,
agora é revelado aos seus santos”.
Negar, deliberadamente não
compreendê-lo prende-nos no passado no qual, a esplendida revelação dessa
riqueza, não era conhecida, como ainda não o é para todos aqueles se negam
recusar a esperança anunciada por Cristo, que nos convida a partilhar da Sua
glória. Paulo sente isso como a sua primeira missão.
E isso ele nos ensina com palavras
inconfundíveis: “Nós o anunciamos,
admoestando a todos e ensinando a todos, com toda a sabedoria, para a todos
tornar perfeitos em sua união com Cristo. Este anúncio tem um objetivo e um
sentido, isto é, para que cada um se torne uma criatura perfeita em Cristo”!
Como é difícil admoestar alguém
hoje! Talvez, porque aqueles que tentam fazê-lo esquecem que Paulo tinha crédito
para se expressar e admoestar dessa forma.
Isso fica claro quando ele mesmo diz na
segunda leitura (Cl 1,24-28) “Alegro-me de tudo o que já sofri por vós e
procuro completar em minha própria carne o que falta das tribulações de Cristo,
em solidariedade com o seu corpo, isto é, a Igreja. Tudo mais é resultado
do seu esforço pela santificação. (Frei
Alfredo Francisco de Souza, SIA – formador@inacianos.org.br
– www.inacianos.org.br).
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