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Pároco Frei Alfredo Francisco de Souza, SIA.


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domingo, 21 de julho de 2013

É PRECISO ESCOLHER A MELHOR PARTE

(Liturgia do Décimo Sexto Domingo do Tempo comum)
Esta página do Evangelho é, talvez, uma das mais discutidas. O eterno contraste entre a posição de Marta e a posição de Maria tem estimulado as mentes dos que pretendem, ora privilegiar o a vida contemplativa e reflexiva, e ora a vida prática e apostólica e/ ou da atividade.
Por outro lado, este particular episódio se enquadra no Evangelho de Lucas logo depois do texto lido no domingo anterior, a respeito do bom samaritano e, portanto, com relação às necessidades do próximo.
Tanto lá, como aqui, é impossível pensar em situação oposta.
A conclusão “Vá e faze a mesma coisa”, do domingo passado, se completa com “Maria escolheu a melhor parte e esta não lhe será tirada”! Ignorar essa perspectiva, não faz sentido, porque ensina que o ativismo tem um fim em si mesmo.
Como é possível haver contradição, se pensamos que devemos ver o rosto de Cristo que se esconde nos sofrimentos das pessoas?
É Paulo que nos ajuda a compreender essa realidade quando diz: “Alegro-me de tudo o que já sofri por vós e procuro completar em minha própria carne o que falta das tribulações de Cristo, em solidariedade com o seu corpo, isto é, a Igreja”.
Marta não é reprovada por Jesus por aquilo que faz, mas, porque, como disse Jesus, Marta, Marta! Tu te preocupas e andas agitada por muitas coisas”! Parece que Marta quase não tem predisposição para a escuta e para estar aos pés do Mestre.
Tudo o que se faz deve sempre ser feito e buscado pelo fato de ser mais importante, isto é, “a melhor parte”, que não pode ser outra a não ser o salvador e a salvação!
A partir disso, não é difícil concluir que o sofrimento sem cruz é uma realidade quando as coisas e os projetos deste mundo nos absorvem.
Esta é uma afirmação um pouco polêmica, mas baseada na constatação de que, dos dois ladrões que estavam ao lado de Cristo na cruz, apenas um sentiu a necessidade de voltar-se para Ele e, só por isso, a condenação à morte, finalmente, encontra o seu sentido. Esse sentido evidencia, como Maria intui, que “uma só coisa é necessária”.
A posição de Maria não deve, portanto, ser entendida como cômoda ou, pior ainda, como preguiça e/ou perda de tempo.
Pode significar estar na cruz, mas com o olhar voltado “para a melhor parte, que não lhe será tirada”. Esta é a certeza da promessa! Paulo funda o seu ministério sobre essa convicção!
Este é o sentido do mistério “escondido nos séculos às gerações passadas, agora é revelado aos seus santos”.
Negar, deliberadamente não compreendê-lo prende-nos no passado no qual, a esplendida revelação dessa riqueza, não era conhecida, como ainda não o é para todos aqueles se negam recusar a esperança anunciada por Cristo, que nos convida a partilhar da Sua glória. Paulo sente isso como a sua primeira missão.
E isso ele nos ensina com palavras inconfundíveis: “Nós o anunciamos, admoestando a todos e ensinando a todos, com toda a sabedoria, para a todos tornar perfeitos em sua união com Cristo. Este anúncio tem um objetivo e um sentido, isto é, para que cada um se torne uma criatura perfeita em Cristo”!
Como é difícil admoestar alguém hoje! Talvez, porque aqueles que tentam fazê-lo esquecem que Paulo tinha crédito para se expressar e admoestar dessa forma.
 Isso fica claro quando ele mesmo diz na segunda leitura (Cl 1,24-28)Alegro-me de tudo o que já sofri por vós e procuro completar em minha própria carne o que falta das tribulações de Cristo, em solidariedade com o seu corpo, isto é, a Igreja. Tudo mais é resultado do seu esforço pela santificação. (Frei Alfredo Francisco de Souza, SIA – formador@inacianos.org.br – www.inacianos.org.br). 

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