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Pároco Frei Alfredo Francisco de Souza, SIA.


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quarta-feira, 16 de novembro de 2011

A PARÁBOLA DOS TALENTOS

"Portanto, não durmamos como os outros fazem, mas vamos ficar acordados, e sejamos sóbrios". Esta exortação de Paulo aos cristãos de Tessalônica, que ouvimos na liturgia deste 33º domingo do tempo comum, está em sintonia com a parábola dos talentos que Jesus conta no Evangelho. Ficar acordados significa estar conscientes, de forma produtiva e responsável. Significa tomar como responsabilidade a tarefa de multiplicar as energias vitais, para vencer qualquer tipo de “paralisia”, medo ou comodismo. É tornar a nossa vontade capaz de multiplicar os frutos da Providência divina, que de nós serão também cobrados. A exortação de Paulo é um apelo para uma vida de filhos da luz e do dia, e não da escuridão da noite. Essas expressões, muitas vezes, podem levar a uma interpretação, em que o dia é o bem, e a noite é o mal, o pecado. Mas o contexto, e especialmente os versículos que imediatamente vem a seguir, nos ajudam a entender que o convite de Paulo para os seus irmãos, não diz respeito, principalmente e apenas sobre a vida moral. Muito mais do que isso, é um apelo teológico para: fé, amor e capacidade de ter esperança. Trata-se de ter uma fé despertada para crescer juntamente com a caridade fecunda e uma esperança enraizada nos talentos que Deus nos deu para frutificar. Os talentos, portanto, seriam a fé, a esperança e a caridade. As Virtudes Teologais. É o material colocado em nossas mãos, de acordo com as nossas capacidades, para produzir e multiplicar.
A parábola dos talentos ensina-nos que as virtudes teologais não são, realmente, dons estáticos, algo que pode ser escondido sob a terra do medo, do desânimo ou da falta de responsabilidade: "Senhor, sei que és um homem severo, pois colhes onde não plantaste e ceifas onde não semeaste. Por isso, fiquei com medo e escondi o teu talento no chão. Aqui tens o que te pertence”. Eis o mau exemplo de operário.
Os talentos são um dom de Deus. Como na parábola, são dados para os servos do senhor, mas a parábola também afirma que os dons estão nas mãos dos servos. À responsabilidade deles foram confiados.
O dinamismo destes grandes presentes, portanto, depende de nossas próprias mãos, assim como as mãos da mulher da primeira leitura dos Provérbios, que recebe elogio: "Ela fia lã e linho, e com habilidade trabalham suas mãos”. Eis o bom exemplo de operário! Trabalhar com fé, esperança e caridade! Isto é, que esses talentos possam crescer em nossas mãos, e permitir que o dom dado a nós, em embrião, no dia do nosso batismo, possa criar raízes e tornar-se uma planta vigorosa.
Nosso trabalho é, portanto, manter viva em nós a fé, a esperança e o amor, porque são talentos confiados por Deus, às nossas mãos, para serem multiplicados.
Não é raro acontecer entre nós, nos momentos em que surgem as vicissitudes existenciais, que os sofrimentos e contradições que criam as frustrações, levem-nos a não ter mais confiança em nada, nem em ninguém. O olhar para o futuro é um olhar sem esperança. Temos medo. Alguns chegam a não acreditar mais no amor como o sentido de nossas vidas. 
Gosto da mulher sábia e fecunda dos Provérbios que nos desafia a colocar as mãos para trabalhar esses dons. Essa mulher não os deixou sufocados nem por egoísmo, nem por desespero e nem pelo ceticismo.
Ela nos convida a caminhar, a mover-nos na dinâmica da vida e a permanecermos abertos e confiantes; capazes de trabalhar o amor entre nós. É verdadeira forma de trabalhar os talentos que Deus nos deu.
A fé, esperança e caridade são talentos dados a nós, porque são o caminho para uma comunhão de vida com Deus, assim como Jesus conclui nos dois primeiros diálogos com os servos que foram capazes de fazer a sua história, fazendo bom uso de seus talentos: "Servo bom e fiel, vem participar da minha alegria"!
Participar no que é o próprio mestre, no que é a sua alegria, sua vida interior. A fé, a caridade, assim como a esperança, são o nome da ligação entre o homem e Deus. É por isso que eles são um presente, tanto em relação à sua origem, que é o amor de Deus, tanto em relação à forma como os recebemos. É preciso estar acordados, sempre! Só assim participaremos da alegria do próprio Senhor.
Frei Alfredo Francisco de Souza, SIA.

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