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Pároco Frei Alfredo Francisco de Souza, SIA.


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sábado, 19 de outubro de 2013

PERSEVERANÇA NA ORAÇÃO

(Liturgia do Vigésimo Nono Domingo do Tempo Comum)

                                                                      

A Parábola ensinada neste Vigésimo Nono Domingo do Tempo Comum é, de fato, fascinante. O juiz injusto e a viúva pobre e injustiçada tornaram-se exemplo na boca de Jesus no Evangelho de hoje (Lc 18,1-8) porque, como outros poucos personagens das parábolas de Jesus, representam dois extremos, verdadeiros opostos.
O primeiro parece estar mais preocupado, como juiz, na sua própria pessoa e nos próprios interesses do que com aqueles que dependem da justiça, dependem da sua função, que é fazer a justiça acontecer.
A segunda, isto é, a viúva, representa simplesmente a firmeza da fé. É o próprio Jesus que diz que o sentido desta parábola é fazer os Seus discípulos compreenderem “a necessidade de rezar sempre, e nunca desistir”. Ali Jesus deixa claro também que o tempo de Deus não é o nosso, muito menos as Suas intenções são iguais as nossas. 
Na verdade, para nós os caminhos do Senhor podem parecer estranhos. Sobretudo o fato de parecer que para fazer a Sua justiça acontecer, Deus pode servir-se, inclusive, de um juiz injusto, alguém que atende às solicitações e pedidos de justiça só para não ser mais incomodado.
Trata-se de um juiz que não teme a Deus e não tem consideração e nem respeito pelas pessoas. “E Deus não fará justiça aos seus escolhidos, que dia e noite gritam por Ele?
Parece que Lucas escreve o texto de hoje trazendo-nos de volta ao início de seu Evangelho quando, justamente, no cântico de Maria, o Magnificat, escreve: "Dispersou os orgulhosos... derrubou os poderosos de seus tronos... exaltou os humildes”, justamente como a pobre viúva que só queria justiça, nada mais.
Se o seu clamor convenceu até mesmo um homem presunçoso, poderia o Senhor, que é misericordioso, permanecer insensível? A parábola é concluída com um aviso: “O Senhor fará justiça bem depressa”!
Qual é o sentido deste advérbio que expressa, obviamente, o tempo de Deus? O sentido está intimamente ligado com a verdadeira fé daquele que “grita”. Mais ou menos como ocorre no Novo Testamento como condição para que aconteça uma grande cura, um grande milagre.
Jesus nos faz compreender essa realidade através de uma pergunta difícil e, aparentemente, absurda: “Mas o Filho do Homem, quando vier, será que ainda vai encontrar fé sobre a terra”?
Estamos diante de uma interrogação objetiva do Evangelho. A expressão “quando vier” diz respeito, ao fim dos tempos, como também ao nosso fim. Nessa hora o que contará, de fato, será uma única coisa: Ele ainda encontrará a fé em nós?
É exatamente sobre isso que São Paulo exorta: “O Espírito diz claramente que, nos últimos tempos, alguns renegarão a fé e se apegarão a embusteiros e a doutrinas diabólicas” (1Tm 4,1). Portanto, o nosso verdadeiro esforço e dever é o de manter a integridade da fé, que gera as obras de caridade no sentido pleno da palavra.
Aliás, este é o nosso compromisso porque, como nos diz também São Paulo, “estamos na casa de Deus, que é a Igreja do Deus vivo, coluna e fundamento da verdade” (1Tm 3,15).
“Rezar sempre sem jamais desistir” é o verdadeiro sentido da fé, lembrado também na primeira leitura (Ex 17, 8-13). “Enquanto Moisés conservava a mão levantada, Israel vencia”. Bastava que abandonasse essa posição de oração e de voltar-se para o alto, que acontecia o contrário. Foi por isso que Aarão e Ur, um de cada lado, “sustentavam as mãos de Moisés”. A vitória de Israel vinha desse sustento.
Moisés desceu do monte em que estava rezando e colocou em evidência que o êxito da guerra dependia da oração perseverante dirigida a Deus.
A mesma perseverança é o que Paulo pede na segunda Leitura (2Tm 3,14-4,2). A firmeza da sua fé baseia-se no que aprendeu e no que provém da Escritura inspirada e, portanto, eficaz para conduzir à salvação.
É nessa Escritura que Timóteo deve continuamente meditar e também proclamar como caminho que leva à salvação.
Uma das expressões que indicam a autenticidade da fé é a oração, como atitude feita de palavras e gestos concretos, de quem não substitui Deus em sua vida e de quem não constrói o seu próprio reino ou a sua própria justiça, mas a invoca e a acolhe da parte de Deus, como um dom.
Mas que fique claro para cada um de nós que escuta hoje estas palavras e que celebra a Eucaristia: a oração mais verdadeira é feita por quem consegue dizer: “Pai, talvez a minha vontade seja diferente da Tua, mas, certamente, não é melhor do que a Tua”! (Frei Alfredo Francisco de Souza, SIA – Missionário Inaciano – www.inacianos.org.br –formador@inacianos.org.br)
   

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