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Pároco Frei Alfredo Francisco de Souza, SIA.


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sábado, 29 de dezembro de 2012

MARIA, PORTA DE UM NOVO TEMPO

(Solenidade de Santa Maria, Mãe de Deus – 01 de Janeiro de 2013)

No primeiro dia do ano novo celebramos a Festa de Santa Maria, Mãe de Deus. Pensar nesta solenidade me causa um certo pesar. Não digo tristeza, mas, com certeza, um lamento.
O que lamento, na verdade, é ver que uma solenidade tão importante, por causa da festa da noite anterior, isto é, o réveillon, não seja celebrada no tom e na importância que merece, mas quase num total “silêncio” em relação à todas as outras festas do ano. Principalmente com descontinuidade com relação ao Natal que acabamos de celebrar.
Aqueles mais ou menos cristãos praticantes são colocados à prova no dia primeiro de janeiro.
Primeiro, por causa da necessidade de “descansar” como quem parece que enfrentou uma “batalha” de festas na noite anterior. Depois, porque a grande maioria não consegue preparar-se como deveria para participar da primeira missa do ano, não só para cumprir um preceito, mas, porque entende que muito mais importante do que começar uma nova jornada com o “pé direito” e com as famosas “simpatias”, é preciso começar o ano novo como uma criança que dá os primeiros passos, não sozinho, correndo o risco de cair e se machucar, mas como quando éramos crianças, segurando nas mãos daquela que poderia nos ajudar a dar  primeiros passos, a mãe.
A liturgia da Festa do dia primeiro de janeiro nos oferece, portanto, a oportunidade de dar o primeiro passo com a Mãe de Deus e nossa.
Muitos nem sabem, e refiro-me até mesmo aos católicos praticantes, que esta é uma festa importante, de preceito. Aliás, alguns se lembram disso, às vezes, tarde demais.
Outros esquecem as informações e ensinamentos referentes à sua fé para não precisarem que se preocupar.
Esses, na verdade, de qualquer forma, não apresentam uma justificativa plausível para não começarem o ano fortalecendo a sua fé e a sua esperança celebrando a Eucaristia. Na verdade, dão uma demonstração de como é frágil a esperança que habita nos corações e como é pouco intensa a alegria por causa da salvação.  
A pouca atenção dada à Festa de Santa Maria, Mãe de Deus, demonstra também quanta consideração temos pela bênção de Deus e, podemos dizer, mostra também o quanto ainda somos confusos sobre o novo tempo que nos é dado para viver, isto é, o ano novo, que não é visto como uma ocasião para viver melhor a esperança em Cristo.
Infelizmente, continuará ser, para muitos, tempo velho de continuar a confiar cega e irracionalmente num fato sem apelo e sem propósito, que fará muitos suspirarem dizendo “o que será que me espera neste ano novo”? Ou um simples “espero que nos traga sorte”, como máxima expressão da graça que nos é dada.
Que pena! Não é por acaso que encontramos Maria no início de um novo tempo. Na verdade, a encontramos com um título capaz de deixar muitas pessoas, ainda hoje, perplexas: Mãe de Deus!
É nas páginas do Evangelho (Lc 2,16-21) que focaliza o tempo preciso no qual a noite teve que ceder lugar à Luz, momento no qual o maior evento do universo está entre os seus braços, evento do qual toda a “carne” humana, dos tempos que foram, que são e que serão, não poderá prescindir jamais.
Trata-se do evento Jesus Cristo. Maria, aquela que encontrou graça diante de Deus, porque é fiel à Sua Palavra, agora O segura nos braços, O olha nos olhos, escuta os seus gemidos de bebê, O nutre no seu seio.
Contemplando tudo isso, o único desejo que, tenho certeza, nos une aos pastores que visitam Jesus na gruta de Belém, é de ser abençoado por Deus com o sorriso de um Menino que faz resplandecer o Seu rosto sobre nós. É também ver, assim, realizar as palavras do salmo 66, do qual temos tanta necessidade: “Que Deus nos dê a Sua graça e sua benção, e Sua face resplandeça sobre nós”!
Considerando tudo isso, este ano que nos é dado, e do qual Maria é a porta, torna-se um verdadeiro tempo novo, tempo dado para saborear os frutos da salvação, tempo que devemos viver como protagonistas e não como sujeitos inertes ao destino e às fatalidades.
Deus, que nos abençoa entre os braços de Sua Mãe, fazendo resplandecer o Seu rosto sobre nós e sobre toda a humanidade, é mais do que um simples desejo. É a realização da promessa que não faliu ou ficou no esquecimento, e da qual eu quero, mais do que tudo, fazer parte, fazendo a minha parte!
O que seria de nós naquela noite se aquele menino não fosse Deus e se aquela jovenzinha não fosse Sua Mãe? Tudo não passaria de um abismo sem Luz e de uma noite sem estrelas!
Quem ou o que poderia abençoar a nossa vida com a Luz do Seu rosto? A quem recorreríamos para satisfazer o grito que sai do mais íntimo da alma humana e que anseia por eternidade?
Feliz, no entanto, a nossa “carne” que encontra paz na verdadeira carne de Deus, Verbo que se fez carne na nossa carne. Feliz porque Maria, a Virgem de Nazaré, doou a sua carne à Palavra e, assim, “permitiu” a Deus salvar-nos.
Feliz a humanidade que ainda tem um tempo novo para compreender isso e gozar uma esperança de eternidade na carne destinada a ressurgir, através de um processo inevitavelmente viável, graças a Ressurreição de Jesus; feliz porque não foi um destino cego ou o acaso que decidiu isso, mas o Único e Grandioso Ser Amor que é, que era e que será para sempre.
Pensar que ainda seja supérfluo e acessório dar à Maria o título de Mãe de Deus ou não compreender que esta solenidade seja digna de justa e adequada atenção, penso que ser um erro que pode prejudicar seriamente a vida cristã no Espírito, só pelo fato de que o Espírito é vida e se, verdadeiramente, temos o desejo de viver, não podemos fazê-lo sozinhos, mas devemos recebê-Lo nas mãos, entre os braços, de uma Mãe amorosa que não renuncia aos seus filhos queridos e nunca se cansa de guiá-los para os braços de Jesus. (Frei Alfredo Francisco de Souza, SIA – Superior dos Missionários Inacianos – formador@inacianos.org.br – Web site: www.inacianos.org.br).

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