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Pároco Frei Alfredo Francisco de Souza, SIA.


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sexta-feira, 28 de dezembro de 2012

DEUS É FAMÍLIA



Os nossos corações e mentes ainda estão cheios das motivações da celebração do Natal do Senhor e, em menos de uma semana do nascimento, a liturgia nos já presenteia com a Festa da Sagrada Família de Jesus, Maria e José. Festa da Sagrada Família e, portanto, também a festa das nossas famílias.
Uma coisa é certa, quando se fala de família, a nossa mente, geralmente, pensa em um pai, uma mãe, e em filhos, sejam um, dois ou três.
Este também é o tipo de família apresentado nas leituras da festa de hoje.
Atualmente, muitos acreditam, em matéria de família, que o direito e a decisão de uma mulher grávida antecedam o direito da vida concebida. Acreditam também que o direito e a decisão de ter um filho “próprio” ou legítimo, a todo custo, anteceda ao direito de uma criança ter a possibilidade da vida lhe dar um pai e uma mãe, e ainda um lar. Aliás, há inúmeras crianças à espera de adoção em nosso país.
Muitos pensam também que os interesses pessoais e os desejos egoístas vêm antes do desígnio da criação e do plano de Deus para a família.
A página do Evangelho que lemos hoje (Lc 2, 41-52)  nos mostra um Jesus adolescente que inicia o seu caminho de liberdade. Entre Ele e os seus pais se insere uma pequena “distância”, traduzida em espaço de liberdade e de autonomia.
É nesse espaço que irá florescer a singularidade do Filho, o seu pertencer somente a Deus e a Si mesmo, como também a vida que n’Ele se exprime com absoluta originalidade.
O que é um paradoxo, na medida em que, quanto mais um pai se manifesta ao filho e se entrega através do dom de si mesmo, mais esse filho parte em busca do seu próprio caminho.
Jesus, sentado em meio aos mestres que lhe escutam e lhe fazem perguntas, curioso como todo garoto, representa todos os meninos e meninas do mundo, e todo filho que se coloca diante da própria família e do seu passado, lhe escuta e procura saber e conhecer a sua história, porque só assim poderá iniciar o seu caminho pessoal e, então, partir na direção da idade adulta.
Para quem é pai ou mãe, chegado aquele momento delicado, nada resta senão pedir a Deus o dom de saber viver a mesma gratuidade de Ana, a mulher capaz de dizer quanto ao seu filho Samuel: “Rezei ao Senhor por este menino e o Senhor me concedeu a graça que lhe pedi. Agora permito que o Senhor o queira, por todos os dias da sua vida, ele é necessário ao Senhor”.
Para ampliar esse quadro podemos nos deter um pouco no livro do Eclesiástico (3,2-6.12-14), na primeira leitura, que se apresenta para nós como uma preciosa ilustração do quarto mandamento: “Honra teu pai e tua mãe”!
O respeito e o cuidado para com os pais, sobretudo os idosos, por parte dos filhos é vontade de Deus. Diz o sábio autor do Eclesiástico: “Deus honra o pai nos filhos e confirma, sobre eles, a autoridade da mãe”.
Avisa também que o perdão dos pecados e as preces atendidas por Deus, estão ligados e, de certo modo, condicionados ao respeito, cuidado e amor aos pais. Afinal, Deus é capaz de perdoar tantos pecados por causa de uma obra de misericórdia realizada com amor a quem necessita!
Na segunda leitura, na carta aos Colossenses São Paulo, por sua vez, nos esclarece ainda mais sobre qual o fundamento necessário para as relações familiares e sociais. Trata-se da fé comum no Senhor Jesus.
O Apóstolo recomenda misericórdia, bondade, humildade, mansidão, paciência e perdão. Mas mesmo nesta exortação moral, apresenta o que é fundamental: “Como o Senhor vos perdoou, assim perdoai vós também. Mas, sobretudo, amai-vos uns aos outros, pois o amor é o vínculo da perfeição”... E ainda: “Que a paz de Cristo reine em vossos corações, à qual fostes chamados como membros de um só corpo”! Afinal, foi Ele quem nos amou e perdoou por primeiro. Logo, assim também nós devemos perdoar e amar os irmãos.
A Palavra de Cristo está no centro da vida da família, gera amor e obediência recíproca entre esposo, esposa e filhos, a ponto de poder ver realizada a promessa do Senhor, como reza o salmo (127): “Será abençoado todo homem que teme o Senhor”!
O que a festa da Sagrada Família nos ensina hoje? Comunhão na fé e no amor uns aos outros. Esta é a imagem da família de Nazaré, projeto de Deus para todas as nossas famílias. (Frei Alfredo Francisco de Souza, SIA – Superior dos Missionários Inacianos – formador@inacianos.org.br – Web site: www.inacianos.org.br).




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