(Liturgia
do Terceiro Domingo do Advento)
O terceiro Domingo do Advento é
tradicionalmente denominado com o nome latino: “Domenica gaudete”. Poderíamos traduzir esta expressão como Domingo do
“Alegrai-vos”.
O
motivo desse título, “Domingo da Alegria” é encontrado nas leituras que são
proclamadas na missa.
Na
primeira leitura (Sf 3,14-18a) há um
convite explicito: “Canta de
alegria, cidade de Sião; rejubila, povo de Israel! Alegra-te e exulta de todo o
coração, cidade de Jerusalém”!
No Salmo Responsorial (Is 12) o
conceito ecoa e se amplia: “Exultai cantando alegres habitantes de Sião”.
Na segunda
leitura (Fl 4,4-7) São Paulo repete o
apelo: “Irmãos! Alegrai-vos sempre no
Senhor; eu repito, alegrai-vos”.
No Evangelho (Lc 3,10-18) volta o conceito e ainda se fala do anúncio de uma
“boa notícia”.
Sabemos que as boas notícias,
geralmente, suscitam alegria, fazem o povo se alegrar.
O missal Romano recorda aos
sacerdotes que, neste dia, podem usar os paramentos de cor rosa. É como se a
cor do Advento, o roxo, cedesse por um domingo o seu lugar à outra cor, mais leve,
mais alegre.
Podemos dizer, portanto, que hoje
o tema da liturgia é, sem dúvida, a alegria. Tudo nos fala de alegria e de
esperança.
Mas quais são os motivos pelos
quais devemos estar contentes e plenos de alegria?
O
primeiro motivo nos é apresentado pelo Profeta Sofonias: “O Senhor, teu Deus, está no meio de ti,
o valente guerreiro que te salva”. Então,
devemos nos alegrar porque Deus está do nosso lado, Ele não quer nos condenar,
mas, pelo contrário, quer nos salvar!
Deus deseja nos renovar com o Seu amor
e quer garantir para nós uma vida sem desgraças. Podemos dizer que a presença
de Deus nos nossos caminhos, a Sua vinda no meio de nós, o fato de que somos
objeto do Seu amor são todas “boas notícias” que devem nos trazer alegria e
suscitar um sorriso em nossos lábios.
O primeiro motivo de alegria para
os cristãos é, portanto, inerente ao sentido do Tempo do Advento: Deus ama o
ser humano e o considera importante, vai à sua procura e vem para salvá-lo e
renová-lo! Em síntese, é motivo de alegria saber que somos esse objeto do amor
especial de Deus e que somos importantes para Deus.
Um segundo motivo de alegria é
expresso por São Paulo: o Senhor está para chegar. “O Senhor está próximo”! Falta pouco para a Sua vinda!
O homem moderno desaprendeu a
esperar! Deseja ter tudo e rápido! Para nós, geralmente, não é uma coisa muito
boa ter que esperar. Não gostamos de esperar! Não fomos acostumados a descobrir
a beleza da espera, a alegrar-nos pela espera de algo bom.
Contudo, a Palavra de Deus nos
exorta hoje a esforçar-nos numa nova direção. Trata-se de aprender a descobrir
como pode ser boa a espera que é animada pela esperança.
“O Senhor está próximo”! O Senhor está para chegar. Este Tempo do
Advento nos convida a ficarmos contentes porque estamos vivendo uma espera
cheia de esperança!
Também é motivo de alegria aprender
a esperar. Se nos educamos a nos preparar bem, a não tomar atalhos, a não ceder
ao capricho de querer tudo rapidamente, podemos descobrir que nisso há a
alegria e que mesmo o tempo de espera, de preparação, do desejo de alcançar certo
objetivo, é motivo de crescimento espiritual e de maturidade.
Este segundo motivo de alegria
também é típico do Tempo do Advento, no qual a Igreja procura ensinar-nos a
valorizar a espera e a paciência.
Um terceiro motivo de alegria é a
“boa notícia”, isto é, a Pessoa de Jesus Cristo. Este é o motivo mais
importante de todos!
Escutamos no Evangelho o anúncio
de João Batista. É chegada a plenitude dos tempos. Chega, finalmente, o
Messias. O Messias não é simplesmente um profeta como tantos outros, ou alguém
que anuncia a penitência com um batismo de água, através de um rito penitencial.
Pelo contrário, é alguém que muda
a história, que batiza com o Espírito Santo e com fogo, que tem poder de fazer
justiça definitiva e orientar, num sentido novo, a história humana.
O Messias é o próprio Deus que
vem entre nós, que nos dá o dom do Seu Espírito, nos oferece a Sua própria
vida, dando um novo sentido à vida de todo homem.
A alegria dos cristãos nasce,
portanto, da Boa Notícia de que Deus decidiu tornar-se gente como nós, entrando
no nosso mundo e fazendo-se nosso companheiro de viagem, nosso irmão, próximo
de cada um de nós.
Não mandou um representante Seu,
nem delegou alguém para vir nos visitar, mas Ele mesmo veio, pessoalmente! Por
isso somos convidados a acolhê-Lo com alegria e a alegrar-nos pelo Evangelho,
isto é, por essa Boa Notícia.
O Tempo do Advento é tempo de
alegria porque nos prepara para a vinda do próprio Deus, pessoalmente, no meio
de nós! Neste domingo somos chamados a redescobrir três motivos fundamentais da
alegria cristã.
O primeiro é que somos
importantes aos olhos de Deus, depois, porque vivemos numa espera útil a nós
mesmos e cheia de esperança, e por último, mas não menos importante, porque
sabemos que Deus vem nos visitar pessoalmente.
A Palavra de Deus nos convida a
cultivar essa alegria porque ela, se habita de verdade dentro dos nossos
corações e se, de fato, é acolhida com sabedoria pelos cristãos, produz alguns
efeitos importantes e visíveis.
É uma alegria ajuda a vencer os
temores, nos dá forças quando “estamos
quase nos deixando levar pelo desânimo”! , como nos lembra a primeira
Leitura, nos sustenta quando corremos o risco de nos deixar tomar pela angústia
por tantos motivos ou porque temos necessidades que nos atormentam. A alegria a
que se refere a Palavra de Deus neste terceiro domingo do Advento nos faz abrir
caminhos de conversão.
Rezemos para que a Igreja e cada
um de nós, nessa espera pelo Natal do Senhor, possamos desejar essa alegria
verdadeira, capaz de mudar a vida das pessoas, muito mais do que as alegria de
momento, que logo se vão, deixando um vazio no íntimo dos nossos corações. Coração
esse que não terá paz e verdadeira alegria, enquanto não experimentar a
presença de Deus! (Frei Alfredo
Francisco de Souza, SIA – Superior dos Missionários Inacianos –
formador@inacianos.org.br – Web site: www.inacianos.org.br).
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