(Liturgia da Solenidade da Ascensão do Senhor)
A solenidade da
Ascensão do Senhor é, sem dúvida, uma celebração toda especial, à qual devemos
dar especial atenção. Principalmente porque é a festa do nosso “destino”, como
também porque é nela que está o sentido da escatologia cristã.
Porém, mais do
que deter-se nesse sentido, a liturgia deste domingo e especialmente o
Evangelho, se atém às condições apresentadas pelo Senhor, a fim de que essa
possibilidade futura se concretize: "IDE por todo o mundo e pregai Evangelho
a toda criatura".
A necessidade de
partilha e comunhão se manifesta também no último anúncio direto de Jesus aos
apóstolos. Cada criatura é convidada a participar, como na parábola do banquete
de casamento. É como se o Senhor
dissesse: “Vão e não retenham egoisticamente para vocês o dom da vida eterna”.
O convite não
conhece limites! Ide a todo o mundo, até os confins mais extremos da Terra. Isto
é, para além do limite pensável pelo ser humano. Aliás, é este o sentido do
amor de Deus. Para o Seu amor não pode existir barreiras, ainda que seja uma
tentação humana impor-lhe. Trata-se de
um amor que se espalha livremente e sem limites, pois a medida do Seu amor é
não haver medida!
"Quem crer e for batizado será salvo, quem não
crer será condenado”,
anuncia Jesus no Evangelho. Eis aqui a condição para a salvação. Salvação que
não pode nascer de restrições ou de mal-entendidos, mas que nasce das boas e
puras intenções: quem crer, isto é, quem aderir à salvação voluntariamente,
quem responder com generosa prontidão será salvo. É um consentimento interior
que depois se manifesta nas formas do amor cristão e que será o distintivo
primeiro dos que creem. E é através deste que será medida a nossa fé!
“Os sinais que acompanharão aqueles que crerem serão
estes...” Esta
expressão da fé é acompanhada por sinais verdadeiros feitos “em meu nome”. Não se trata de
“milagrismos mirabolantes, muito menos de milagreiros, muito menos de espetáculos
realizados com a bíblia na mão! Trata-se, pelo contrário, de uma sintonia entre
Cristo e os seus discípulos que deverão torná-Lo presente e evidente no mundo,
como disse o Apóstolo Paulo, “Já não sou
eu que vivo, mas é Cristo quem vive em mim”. Na verdade é o que o Evangelho
confirma: “Os discípulos então saíram e
pregaram por toda parte”. O Senhor os ajudava e confirmava Sua Palavra por meio
dos sinais que a acompanhavam”.
A Ascensão do
Senhor, enfim, confirma as Escrituras tornando vivo o passado, abrindo uma
janela para o nosso futuro, mas também confirmando e validando a Igreja no
presente, que vive e é acompanhada por Cristo, o seu Redentor.
Essa relação
entre passado, presente e futuro é testemunhada pela própria Igreja nascente. A
primeira leitura, dos Atos dos Apóstolos faz-nos uma intimação que brota,
justamente, dela: “... Por que ficais aqui,
parados, olhando para o céu? Esse Jesus que vos foi levado para o céu, virá do
mesmo modo como o vistes partir para o céu”! Mas, quando? Na verdade o próprio Jesus havia
avisado anteriormente: "O Pai, na Sua
autoridade estabeleceu tempos e momentos que não cabe a vós conhecer”. E quanto a nós? O que fazer diante disso?
A nós cabe dar testemunho da nossa fé, num mundo que o reclama a todo o momento!
A
integridade da nossa fé se mede pelo amor com que vivemos entre nós, realizado
na unidade da Igreja. Na segunda leitura de São Paulo aos Efésios (4,1-13 – para o Ano B), o apóstolo nos
faz o convite: “Aplicai-vos a guardar a
unidade do espírito pelo vínculo da Paz” e, para tanto é necessário agirmos
com “Com toda a humildade e a mansidão,
suportando-vos uns aos outros com paciência, no amor”.
Agir assim,
certamente, não é tarefa fácil, seja para a vida comunitária, conjugal ou
familiar. Mas torna-se possível na medida em que vivemos a partir do Senhor
Ressuscitado que, como nos lembra ainda Paulo, é o projeto para a nossa
“estatura” a ser alcançada: “homem
perfeito em plenitude”. Ele que subindo aos céus capacitou os seus para
edificar o corpo de Cristo, isto é, a Igreja, porque mesmo tendo sido elevado
no mais alto da glória do céu, continua junto e perto de cada um de nós,
apontando-nos o destino traçado para os que creem. (Frei Alfredo
Francisco de Souza, SIA – Superior dos Missionários Inacianos – formador@inacianos.org.br
– Website: www.inacianos.org.br).
Nenhum comentário:
Postar um comentário