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quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

Por um Natal Cristão

O Natal, talvez até mais do que outras festas cristãs, inclusive os domingos, foi atingido por uma onda de secularização, o que reduziu o acontecimento central da história humana a uma orgia de consumismo. Nascimento de quem? Muitos ainda se perguntam. A celebração, que deve ser o Menino Jesus, é eclipsada pela figura bonachona do papai Noel. Em vez da Gruta de Belém, as lojas e no lugar da Graça da Redenção, os presentes. O fenômeno nos entristece, mas não nos surpreendente. Um certo paganismo está sempre escondido em cantinho do coração do homem, enquanto o ser cristão, de fato, é uma graça que deve ser continuamente buscada conservada. O mundo comemora seus mitos, mas o cristão não pode permitir ser capturado por eles. É essencial que, pelo menos, os cristãos vivam o Natal como um evento de fé e de graça. Ou seja, a festa do Natal é o nascimento de Jesus Cristo. É na noite de 25 de dezembro, há mais de dois mil anos atrás que o Filho de Deus feito homem foi dado ao mundo pela Virgem Maria. Nós celebramos com grande solenidade este acontecimento central do cristianismo, porque nossa fé tem como ponto de referência da pessoa de Jesus. Celebramos a festa da Anunciação, quando a Palavra de Deus, pelo Espírito Santo, encarnou-se no seio de Maria. Nove meses após a cheia de Graça dá à luz o Filho, que é ao mesmo tempo, seu Filho e Filho de Deus, O Menino que Maria e José, juntamente com os pastores que correram para o canto dos anjos, adoram e encontram numa manjedoura é o Salvador o mundo. A imensa grandeza do Natal corresponde à grandeza daquele que é festejado. É uma grandeza divina, porque o coração da fé cristã é a divindade de Jesus Cristo. Olhando para aquela criança que Maria carregava em seus braços, vemos o rosto de Deus. Mas será possível ver a face de Deus com nossos olhos? Sim, é possível porque Deus enviou a Sua Palavra para que se fizesse carne e para que se tornasse semelhante a nós em tudo, exceto no pecado. O rosto de Deus que o Natal nos apresenta é o rosto da ternura, da humildade e da familiaridade. Olhando para aquele menino que sorri para nós, abrindo os braços, como podemos ter medo de Deus? O menino nos comunica um Deus acessível, acolhedor e merecedor da nossa confiança, muito mais do que os grandes deste mundo. Maria, que O carregou nove meses no útero e que O gerou no frio de uma noite de inverno, o aproxima ainda mais de si mesma, porque carrega o sinal visível da sua semelhança.  Será que os pastores notaram como aquele Menino divino se parece com sua Mãe? O Natal cristão é exatamente assim quando é fundamentado na fé. Para celebrá-lo de verdade é preciso renovar, com firmeza, a nossa fé na divindade daquele Menino. O Filho de Maria é o Filho de Deus. Por isso Ele é o único Salvador do mundo. É o único porque, somente d`Ele e de nenhum outro podemos, podemos dizer, "é verdadeiro Deus e verdadeiro homem." E é por isso que o Concílio de Éfeso proclamou solenemente Maria, a "Mãe de Deus". O significado desta expressão é voltado, principalmente, para o Filho de Maria, que não é uma criança como outra qualquer, mas o Filho do Pai que assumiu a nossa natureza humana. Mas, ao mesmo tempo indica a grandeza infinita de Maria, que O concebeu, em primeiro lugar na fé e, em seguida, na carne, Aquele que é "Deus de Deus, Luz da Luz, Deus verdadeiro de Deus verdadeiro.” O Natal é um acontecimento de fé que se renova cada vez que celebramos. No Natal, a Igreja não só comemora o nascimento do Redentor, mas, sobretudo o revive. De fato, Jesus Cristo está vivo, ontem, hoje e sempre, e agora Ele dá à sua Igreja a graça do Natal. O evento, que Maria, José e os pastores vislumbraram na realidade histórica, hoje somos chamados a revivê-lo em nossos corações. O que aconteceu em Belém deve ser renovado no coração de cada cristão. De que maneira? Antes de mais nada, precisamos preparar o berço de nossos corações, porque é nele que nasce de novo o Salvador do mundo. A tradição unânime enfatiza que o Natal deveria ser um avivamento interior. Ainda que o preceito cristão aconselhe procurar a celebração do perdão, através do Sacramento da Misericórdia ao menos uma vez ao ano na ocasião da Páscoa, as pessoas deveriam sentir a necessidade de purificar o coração, especialmente no Natal. Talvez porque se perceba, com os olhos da fé, que é no coração de cada um de nós que se celebra o evento do nascimento do Redentor. O sistema de mercado com sua esfuziante propaganda nos leva a esquecer essa verdade. É uma trágica ilusão pensar que se pode celebrar o Natal de Cristo sem buscar viver a Graça de Deus, sem vivenciar o seu verdadeiro sentido: Redenção, renovação, esperança e paz! Com o coração purificado, estamos prontos para experimentar o evento da Graça. É a graça da humildade, da infância espiritual, do carinho e da paz. Aceitar essa graça que o Salvador nos dá é reviver a alegria e admiração dos pastores que contemplam a Deus no sorriso de uma criança. Esta é a essência do Natal. Mas não é tudo.  É essencial fazer um caminho de preparação com sua família, seus amigos e sua comunidade. Os cristãos tem esse desafio para continuar celebrando o Natal do Senhor no seu sentido mais pleno. É necessário, de fato, tomar cuidado, porque até mesmo nós que professamos a fé corremos o risco de sermos cooptados por estes tempos áridos de materialismo e paganismo, um tempo que nos trouxe o absurdo de ser a coisa mais natural celebrar um Natal sem Cristo. Os símbolos cristãos do Natal são importantíssimos para contrastar com os vislumbrantes e arquitetônicos enfeites decorativos natalinos nos shoppings, ruas e comércios que ignoram, parece que, de propósito, a presença de Cristo, dando a impressão de que, foi o papai Noel que, mais tarde, deu a vida pela humanidade, na cruz. E os presentes? Eles são bem-vindos também, como expressão de um coração realmente Natalino, reconciliado e cheio de bondade. Como era muito mais significativo quando as crianças esperavam e pediam os presentes ao menino Jesus! Ele mesmo, o único a ser celebrado, espera ansiosamente um presente! O nosso coração que criou para Si mesmo e que só encontrará descanso, alegria verdadeira e paz em Seu amor. Frei Alfredo Francisco de Souza, SIA.

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