"Vinde,
Espírito Santo, enchei o corações dos vossos fieis e acendei neles o fogo do
vosso amor!"
(Liturgia da
Solenidade de Pentecostes)
Para
entender e celebrar a grande solenidade de Pentecostes é preciso compreender
que os apóstolos, após a Ascensão do Senhor aos Céus, experimentaram um grande
vazio. Embora cientes da força da Páscoa e da beleza do encontro com o
Ressuscitado, a Sua Ascensão os deixou, certamente, um pouco
"perdidos".
Estavam no Cenáculo, com Maria, a
única que podia garantir o que significa ser, "coberta" com a
"sombra do Espírito", isto é, cheia de Graça. Nós podemos reviver
este evento ainda hoje.
O Evento do Pentecostes significa uma
abertura de "portas" para permitir que o "sopro" do
Espírito entre, para depois podermos, com a força dos Seus dons, sair e
testemunhar o Evangelho para o mundo inteiro. Celebrar o Pentecostes,
necessariamente, significa estar dispostos a vencer os nossos
"fechamentos", os nossos medos, entrando assim, na dinâmica do
próprio Espírito Santo que é, acima de tudo, um "respirar", fazendo o
amor "circular'.
Vinde, Espírito Santo! Olhando para
as três Pessoas da Santíssima Trindade, não é difícil perceber que de todas as
três Pessoas, a que menos pensamos com mais atenção é o Espírito Santo.
O Pai, lembramos sempre que rezamos
a oração do Pai Nosso. Infelizmente, na maioria das vezes escolhemos rezá-la
por ser mais breve e para cumprir um certo preceito de rezar e, nesse caso, o
mais rápido possível.
Quanto ao Filho, todas as orações O
mencionam, mesmo quando terminam com a simples fórmula, "por Cristo, nosso
Senhor".
É óbvio que o Espírito Santo é
também "lembrado" porque existe o sinal da Cruz e, portanto, não é totalmente
negligenciado. Mas, que pena que o sinal da Cruz, geralmente, é feito às
pressas e de qualquer jeito. Quantos de nós fazemos o sinal da Cruz tão rápido,
que mal pronunciamos as palavras "Espírito Santo", tamanha falta de
atenção com que fazemos?
Diante disso, é preciso reconhecer
que o Espírito Santo, para nós, é o grande "desconhecido" da
Santíssima Trindade. E, no entanto, Ele é o grande protagonista de toda a
criação.
Não existe nada sem o Espírito Santo, como reza o Salmo 103 na liturgia de Pentecostes que celebramos neste domingo: "Se tirais o seu respiro, eles perecem e
voltam para o pó de onde vieram; enviais o vosso Espírito e renascem e da terra
toda a faze renovais"!
Se
Deus é Pai e origem de todas as coisas criadas, se o Filho é Aquele através do
qual tudo foi criado, o Espírito Santo é Aquele que dá a vida e que concretiza,
efetivamente, o que Deus, Uno e Trino, que cria. Santo Agostinho tem uma imagem
interessante sobre isso: "o Pai
decide criar; o Filho põe "mãos à obra" e o Espírito constitui as
mãos e a energia com as quais o Filho realiza a criação".
Se
olharmos atentamente, logo nas primeiras linhas da Bíblia, na narrativa da
criação se diz que "o Espírito
pairava sobre as águas" e, imediatamente, em seguida, se diz que Deus
começou a criar (Gn 1,2-3).
Além disso, quando Deus cria o homem,
sopra em suas narinas o "hálito" da vida e o homem se torna um ser
vivente". Não se trata apenas da vida do corpo, mas da vida toda,
completa, do homem. Logo, Deus sopra a Sua vida, a vida divina no homem, isto
é, o Seu Espírito. Portanto, o Espírito Santo define a nossa identidade mais profunda.
É esta convicção que levou são Paulo
a dizer: "O Espírito Santo foi
derramado em nossos corações: somos assim, considerados por Deus como os
"depositários" ("templos") do Espírito, que reza em nós com
gemidos inexprimíveis".
Neste sentido, somos privilegiados diante dos olhos
de Deus pois, tendo recebido o Espírito Santo, fazemos parte da família de
Deus. Ou, mais concretamente, o Espírito está em nós e manifesta-se no que é
mais bonito e melhor em nós, no que faz
com que nos voltemos para o alto e para o outro, no que faz de nós pessoas
humanas no sentido mais profundo desta expressão.
O Espírito é aquele que faz vibrar
dentro de nós o desejo pelo melhor, pelo bem, pelo o amor autêntico e para a
felicidade plena. Age em nós todas as vezes que escolhemos viver, não somente
em função dos nossos próprios interesses ou segundo os nossos caprichos. Está
presente em nossas ações e atitudes, sempre que tentamos perceber os ideais
mais elevados dos nossos corações, quando fazemos o bem, quando o coração está
cheio de alegria e nem mesmo sabemos de onde vem tamanha alegria.
É a força vivificadora do Espírito
Santo de Deus que atua em nós quando cuidamos com responsabilidade do nosso
futuro e do futuro dos outros, quando descobrimos em nós a capacidade de sair
do nosso egocentrismo e nos preocupamos com os outros também.
O Espírito Santo é a luz e o calor
que percebemos todas as vezes que nos sentimos compreendidos e amados. É também
o mesmo Espírito que provoca em nós o arrependimento pelos males e pelas más
ações que praticamos, conscientes de que aquele não era o melhor caminho, que
aquilo não era o melhor a fazer.
É o Espírito que inspira os pais a
irem além do seu cansaço, dos seus próprios desejos e projetos pessoais, para dar
prioridade aos seus filhos e às suas necessidades.
O Espírito é a fidelidade que os
esposos lutam para não trair, o amor que dão um ao outro no respeito mútuo. É
aquele que nos impele a doar a vida pelo bem dos outros, mesmo quando este "dom"
não é compreendido ou bem recebido.
Numa
palavra, o Espírito está em nós! Age em nós! É o que nós podemos ter ou fazer
de melhor! É vida, é alegria, é paz, paciência e boa vontade, é confiança e
humildade. É amor! Estas, e muitas outras, são atitudes encontradas no mundo e
na humanidade. Graças ao Espírito Santo! "Vinde,
Espírito Santo, enchei os corações dos
vossos fiéis e acendei neles o fogo do vosso amor. Amém! (Frei Alfredo Francisco de Souza –
Missionário Inaciano – formador@inacianos.org.br
– www.inacianos.org.br).
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