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Pároco Frei Alfredo Francisco de Souza, SIA.


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sábado, 14 de junho de 2014

SANTÍSSIMA TRINDADE: AMOR DO PAI CRIADOR, DO FILHO SALVADOR E DO ESPÍRITO SANTO DEFENSOR


(Liturgia da Solenidade da Santíssima Trindade)

 A solenidade da Santíssima Trindade que celebramos neste domingo, após o Pentecostes, é a festa da nossa fé e do seu mistério.

Refiro-me à fé na Trindade Santa, da qual temos que ter plena consciência, já que a proclamamos cada vez que fazemos o sinal da Cruz.

            O Cristo, o Unigênito, como afirma São João no Evangelho de hoje (Jo 3,16-18), é dado ao mundo pelo Pai que "amou tanto o mundo, que enviou o seu Filho unigênito". Podemos fazer referência deste termo ao possível sacrifício de Isaac. Ele nos dá uma confiança, se isso for possível, até mesmo maior do que a de Abraão que, deixando tudo, partiu da sua terra, deixou sua parentela, rumo ao desconhecido.          Aqui Cristo nos indica o caminho da redenção. Trata-se do Seu Caminho. Caminho que se baseia na promessa que garante que "todo aquele que nele crê, não pereça, mas tenha a vida eterna". Por isso o Pai enviou o Filho e, por isso, o Filho prometeu e nos deixou o Espírito Santo como o "Grande Advogado".       A Santíssima Trindade é a expressão deste amor misericordioso, porque "Deus não enviou o seu Filho ao mundo para condenar o mundo, mas para que o mundo seja salvo por Ele". Contudo, para não incorrer na condenação, o mundo deve crer nele pois, "quem nele crê não será condenado".

            O Evangelista João esclarece como o Cristo é o elemento principal deste itinerário de salvação, através do "aviso" "quem não crê já está condenado, porque não acreditou no nome do Filho Unigênito de Deus".

            O sinal desta salvação, é a paz interior, o desejo de imitar o Cristo, o máximo possível. São Paulo, na segunda leitura de hoje da segunda carta aos Coríntios (13,11-13) o diz com toda a clareza: "Irmãos: Alegrai-vos, trabalhai no vosso aperfeiçoamento, encorajai-vos, cultivai a concórdia, vivei em paz, e o Deus do amor e da paz estará convosco".       Estes são os sinais que a paz de Deus habita em nós e que a graça da Santíssima Trindade está presente em nossos corações.

            "A graça de nosso Senhor, Jesus Cristo, o amor do Pai e a comunhão do Espírito Santo esteja convosco", saudação do sacerdote no início das celebrações, para nos lembrar que sem o auxílio do Deus Uno e Trino não podemos fazer nada de, realmente, bom por nós mesmos e pela nossa salvação. Outras palavras do mesmo apóstolo para expressar a mesma verdade.

            A nossa salvação e a salvação do nosso próximo não pode depender de nós mesmos. Podemos colaborar com a nossa salvação e com a salvação do próximo, mas não podemos providenciar a salvação, nem para nós, nem para os outros. O que se espera de nós, da nossa parte, é que possamos abrir os corações e a mentes para aderir ao Senhor com humildade e pureza de coração evitando, como lembra a primeira leitura, as nossas limitações: " embora este seja um povo de cabeça dura".

            É por isso que devemos pedir a Deus, na mesma oração de Moisés, para que "perdoe as nossas culpas e os nossos pecados, e acolha-nos como propriedade Sua" (Êx 34,4b-6.8-9).

            Com a atitude de súplica confiante em Deus, reconhecendo as fraquezas humanas diante da Sua grandeza, Moisés nos estimula a sermos também "intermediários", isto é, intercessores em favor do  próximo.

            Foi, justamente, por isso que Moisés " curvou-se até o chão", prostrado na presença do Senhor. A sua oração é um grito que exclama “Senhor, Senhor! Deus misericordioso e clemente, paciente, rico em bondade e fiel”. Neste reconhecimento de deus está o caminho da salvação. Isto é, no colocar em prática a graça e o perdão, convictos que o Senhor  fará justiça aos seus filhos e filhas.

            Tal atitude não significa apenas uma certa resignação piedosa, fruto da incapacidade de reagir. Pelo contrário, é um grande ato de fé em Deus, único capaz de realizar a justiça misericordiosa. A oração de Moisés nos lembra que também nós somos um povo de cabeça dura e, como recorda o Evangelho, "Quem não crê já está condenado".

            Mas, celebrar a Santíssima Trindade, de fato, nos leva a tomar consciência de que o Pai Criador é "ator" principal de toda a obra, de toda a criação. Ele age, principalmente, enviando o Seu Filho, não para condenar, mas para salvar o mundo. Lembra-nos também quem pode ser condenado, isto é, quem não crê. Mas, também e principalmente, que o Espírito Santo, o paráclito, é Quem defende e consola os condenados.

            O famoso e belíssimo ícone da Santíssima Trindade nos convida a fazer parte da dinâmica salvadora da Trindade, fazendo-nos um convite divino. De fato, os Três Anjos sob a tenda de Abraão estão sentados em círculo em torno da mesa da Eucaristia. Não poderia ser diferente, pois é a Eucaristia que atualiza o Mistério Pascal, que por sua vez, é a síntese de toda a história da salvação.

O Anjo ao centro representa Cristo, o Senhor, cuja mão indica o Cálice Eucarístico, direção para a qual o olhar dos Três está voltado, isto é, o olhar do Pai que está à direita e do Espírito que está à esquerda.

O círculo divino não está fechado! Está aberto à frente, como um lugar vazio oferecido a quem o contempla e “recebe” o convite do Anjo que está no centro, apontando para a Eucaristia, convidando-nos a entrar na relação trinitária, cristológica, pneumática e eclesial.  Ou seja, convidando-nos a participar da vida da comunidade trinitária. Frei Alfredo Francisco de Souza, SIA - Missionário Inaciano - www.inacianos.org.br - alfredodesouza1966@gmail.com.

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