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Pároco Frei Alfredo Francisco de Souza, SIA.


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sábado, 12 de abril de 2014

ACOMPANHAR E SEGUIR JESUS


(Liturgia do Domingo de Ramos)

“Acompanhemos o nosso Salvador na Sua entrada na cidade santa e peçamos a graça de seguí-lo até a cruz, para participar da Sua ressurreição”.
Estas palavras iniciam a exortação inicial proposta pela liturgia deste domingo de Ramos. Elas também dão sentido à Semana Santa que hoje se abre diante de nós.
Acompanhar e seguir. Acompanhar a quem? Seguir quem? O convite é diz respeito à pessoa de Jesus, que entra em Jerusalém para morrer na cruz e depois ressuscitar!
Cristo é o único protagonista, que decide livremente e por amor, entrar em Jerusalém para revelar-nos o rosto de um Deus não apenas onipotente, mas de um Deus que é Amor Onipotente. Mostrará isto se doando como “pão da vida”, morrendo pregado numa cruz e depois, ressuscitando, para que o Seu amor por nós não seja apenas memória, mas se torne, de fato, presente com toda a sua força transformadora e renovadora na nossa vida hoje.
Acompanhar e seguir são verbos que convocam a cada um de nós nesta Semana Santa e que separam em duas partes o Evangelho de hoje, em dois momentos diferentes.
Primeiro, antes da bênção dos ramos e da procissão, momento inicial em que é proclamada a entrada triunfal de Jesus em Jerusalém, acompanhado da multidão que, com ramos de oliveira, o aclamam.
No Evangelho de Mateus (26,14-27,66), entre as particularidades da narrativa da Paixão, encontramos o episódio do sonho da mulher de Pilatos: “Não te envolvas com esse justo! Porque esta noite, em sonho, sofri muito por causa dele”.
A entrada de Jesus em Jerusalém também é acompanhada pelo sonho da multidão. Trata-se do sonho que cada pessoa traz no mais profundo do próprio seu coração. É o sonho de encontrar Aquele que pode tornar a nossa própria vida, bem como a vida da humanidade melhor.
Aquele que pode oferecer-nos a paz do coração que tanto almejamos; alguém capaz de realizar o nosso desejo de amar e ser amados plenamente.
É claro que o sonho da mulher de Pilatos permanecerá sufocado pelas “exigências do poder” do seu marido. Contudo, o que teria pensado, e quais sentimentos Jesus teria experimentado, olhando aquela multidão que O aclamava? Ramos de oliveira se estendem diante dele. Mantos que levam consigo o sonho de uma multidão que exulta por ter, finalmente, encontrado o Rei da própria vida, um Rei que pode restituir-lhes a liberdade e a dignidade plenas.
Talvez seja muito supor, mas haja vista o andamento das coisas, Jesus, diferente de Pilatos, tenha escutado o sonho da multidão e o tenha realizado através da Sua morte na cruz e da Sua ressurreição!
Hoje, então, somos chamados a acompanhar Jesus na sua entrada em Jerusalém com o sonho que o próprio Deus colocou no nosso coração. Isto é, o sonho que nos lança na busca de um amor que pode tornar a vida verdadeira, bonita e melhor. Uma vida que não pode parar diante da secura e da dureza de um sofrimento irremediável ou de um mau irrecuperável!
Hoje, cada um de nós também traz consigo um ramo, não exatamente de oliveira, mas um ramo qualquer. No coração, porém, traz o sonho que Jesus nos lembra sempre, quando encaramos nossas míseras “exigências de vida”, as nossas “exigências de egoísmo” que nos impedem de nos abandonar nas mãos de um Deus que nos ama até o fim, e que quer transformar e revelar, finalmente, a nossa vida!
Logo em seguida as “exigências” do medo, do compromisso, dos próprios interesses e projetos pessoais vão levar a mesma multidão, e nós com ela, a colocar esse sonho na “gaveta”. Mesmo que Jesus o tenha escutado e seja o único capaz de realizá-lo.
Quanto ao segundo verbo, ou seja, “seguir”, que o Senhor Jesus nos conceda, nesta semana santa, a graça de seguí-lo até a cruz.
Certa vez, um famoso pintor japonês pintou uma paisagem deslumbrante da montanha sagrada do seu país num vaso.  Um dia, porém, alguém deixou o vaso cair e o quebrou!  A queda o fragmentou em vários pedaços. Lentamente o artista colou as várias peças e recompôs o vaso. Vendo, porém, que o vaso havia ficado com várias rachaduras entre as partes coladas, pintou nas rachaduras que lembravam a ruptura do vaso, um fio de ouro.  Agora o vaso estava mais bonito do que jamais tinha sido antes de cair e quebrar-se.
A Paixão de Cristo que ouvimos no Evangelho de hoje se assemelha a um fio, não de ouro, mas um fio de vermelho, de sangue que, tinge e atinge os fragmentos da nossa humanidade. O fragmento das traições, aliás, Mateus começa logo a narrativa com a figura de Judas, o fragmento do abandono e da solidão, da violência e das “exigências” do poder. São também fragmentos da infidelidade e da falta de fé.
Todos esses pedaços da nossa vida, essas partes, são tocadas, como os pedaços daquele vaso, por Cristo crucificado, e transformadas em dom livre e gratuito de amor para que, também nós, possamos transformar-nos em algo mais bonito! É isso que o amor onipotente de Deus é capaz de realizar. Isto é, uma lógica que supera a nossa compreensão.

Que a Paixão de Cristo atinja a nossa vida, para que o sonho que temos em nossos corações possa, finalmente, ser transformado em realidade pela Sua graça. Acompanhemos e Sigamos Jesus nesta semana Santa. É assim que podemos ressurgir com Ele! Frei Alfredo Francisco de Souza, SIA – Missionário Inaciano – formador@inacianos.org.br – www.inacianos.org.br).

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