(Liturgia
da Celebração dos Fieis Defuntos)
Todos os anos a comemoração dos
fieis defuntos nos oferece uma oportunidade da experiência de um momento de
silêncio e reflexão.
Muitas famílias, durante o ano
vivem, entre outras coisas, a experiência da morte, seja de familiares, entes
queridos, parentes ou amigos. Alguns, certamente, viveram essa experiência de
modo bem dramático.
O dia de finados, portanto, é um
dia para ser vivido no espírito de solidariedade. Aquela solidariedade que
permite que a dor de alguém nos “toque” e que nos faz querer ajudar a encontrar
o conforto que vem de Deus.
É um dia em que, de modo
especial, devemos lembrar-nos daqueles que fizeram parte das nossas vidas e que
agora não fazem mais, pelo menos não do mesmo lado da “estrada”. Além disso, é uma oportunidade valiosa para
pensar no modo como estamos vivendo as nossas vidas, e se a estamos acolhendo
como um dom precioso, importante e valioso de Deus.
A comemoração dos fieis falecidos
é também uma ocasião para voltar o pensamento para o infinito de Deus, para
estar em comunhão com quem já está diante d’Ele, contemplando face a face o Seu
rosto, mas também para perguntar sobre a razão de tanto sofrimento e para pedir
forças para sermos capazes de lidar com ele.
Lembremos as milhares de
crianças, adolescente ou jovens que tão cedo perderam os seus pais e
vice-versa, nos pais que de um modo triste e nada natural tiveram que
presenciar os seus filhos morrerem.
Pensemos também, por um instante,
naqueles que acompanharam os seus entes queridos durante um longo período de
uma doença sem possibilidade de cura; e também daqueles que, por desespero,
tentaram uma saída mais certa, porém, através de um caminho mais “torto”,
encontraram a morte.
A solidariedade de que falamos
acima nos faz também nos lembrar do povo da Síria, mortos pelos próprios
conterrâneos e com tanta violência. Mas não só, com a mesma solidariedade vamos
nos lembrar também das crianças e idosos das regiões mais pobres do nosso país,
ou até mesmo das grandes cidades. Pessoas que todos os dias correm o risco de
encontrar a morte a cada instante, seja pela violência que sofrem, seja pela
falta de oportunidade, de cuidados médicos, de alimentação adequada, de
educação etc.
Refletindo sobre esses eventos,
procuremos estar mais próximos das pessoas que sofreram essas perdas, com um
único pensamento voltado a todos aqueles que, de tantos modos diferentes, já
cruzaram o limiar da morte.
Que o dia de finados proporcione
a cada um de nós não esquecer que somente com a esperança da ressurreição é
possível cumprir a história de cada ser humano sem cair no desespero. As
leituras que nos são propostas pela liturgia de hoje lançam esta mensagem de esperança.
Na primeira leitura escolhida
entre outras para esta celebração (Jó
19,1.23-27ª), a esperança de Jó é uma esperança verdadeira e crível por
causa do grande sofrimento que a precede. Além disso, suscita uma maravilha nos
seus leitores, quando no final de um percurso muito difícil, Jó nos ajuda a
compreender que tal sofrimento permitiu-lhe conhecer mais profundamente o
mistério de Deus e dos homens.
A experiência de Jó nos ajuda
também compreender que nem todas as perguntas tem uma resposta simples e que ao
final de tudo, o mais importante é crescer na fé para percorrer o caminho que
nos leva a conhecer a Deus: "Eu sei
que meu Redentor está vivo e que, por último, se levantará sobre o pó ... e depois
que tiverem destruído esta minha pele, na minha carne, verei a Deus; meus olhos
O contemplarão, e não os olhos de outros”! A história de Jó é, de fato,
extraordinária, a ponto de transmitir-nos coragem, mesmo diante do maior
sofrimento.
Na segunda leitura escolhida para
hoje (Rm 5,5-11) a esperança do
Apóstolo Paulo nasce da Páscoa do Senhor. A passagem da Carta aos Romanos é
apenas mais uma das muitas passagens em que Paulo não se cansa de partilhar
conosco a sua relação pessoal com Cristo, de onde vem a sua confiança sem
limites: “Quando éramos inimigos de Deus,
fomos reconciliados com Ele pela morte do Seu Filho; quanto mais agora, estando
já reconciliados, seremos salvos por sua vida”!
Já no Evangelho, também escolhido
entre outros (Jo 6, 37-40), a
esperança nasce da afirmação forte e clara do amor que Deus Pai tem por todos
os homens e que nos foi manifestado em Cristo, Seu Filho: “Todo o que o Pai me dá virá a mim; e o que vem a mim de maneira
nenhuma o lançarei fora. Porque eu desci do céu, não para fazer a minha
vontade, mas a vontade daquele que me enviou. E a vontade do Pai que me enviou
é esta: Que nenhum de todos aqueles que me deu se perca, mas que o ressuscite
no último dia”(Jo 6,37-39). Este parece ser o motivo convincente
da promessa da ressurreição e da vida eterna.
Portanto, foi o amor que levou o
Pai ao encontro dos homens e a “doar” o Filho que realiza o projeto da
salvação, levando os homens com Ele à vida eterna.
É ainda Paulo que exprime com
força na carta aos Romanos que a segurança do amor de Deus deve fazer com que
não tenhamos medo de nada, como também deve ser a nossa força e sustento nos
momentos de provação: “Quem nos separará
do amor de Cristo? A tribulação? A angústia? A perseguição? A fome? A nudez? O
perigo? A espada? Como está escrito: Por amor de ti somos entregues à morte
todo o dia; Somos reputados como ovelhas para o matadouro. Mas em todas estas
coisas somos mais do que vencedores, por aquele que nos amou”
(Rm 8,36-37). (Frei Alfredo Francisco de Souza, SIA – Missionário Inaciano – www.inacianos.org.br –formador@inacianos.org.br).
(Rm 8,36-37). (Frei Alfredo Francisco de Souza, SIA – Missionário Inaciano – www.inacianos.org.br –formador@inacianos.org.br).
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