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Pároco Frei Alfredo Francisco de Souza, SIA.


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sábado, 16 de novembro de 2013

“É PERMANECENDO FIRMES QUE IREIS GANHAR A VIDA”

(Liturgia do Trigésimo Terceiro Domingo do Tempo Comum)
Geralmente quando passamos por tensões, conflitos e provações, é compreensível que perguntemos: onde está Deus? Por que não intervém? Na verdade qualquer um de nós, nessa situação, gostaria sim de manifestações e soluções imediatas e espetaculares. Mas Deus é paciente. Ainda não é o tempo do grande juízo, pois ainda há espaço para agir e para converter-se. Este é o ensinamento das leituras da missa deste trigésimo terceiro domingo do Tempo Comum.
Ao voltar do exílio os hebreus esperavam paz e bem estar. Mas, continuaram a viver sob o domínio persa. A fé entrou em crise. A religião transformou-se em formalismos. É nesse cenário que o profeta Malaquias lança um vigoroso apelo insistindo que as pessoas devem olhar os acontecimentos e o futuro com esperança, pois a salvação chegará.
Aliás, o Salmo de hoje (97) reforça esta mensagem rezando: Exultem na presença do Senhor, pois ele vem julgar a terra inteira. Julgará o universo com justiça e as nações com eqüidade”.
Que os homens e a própria natureza se alegrem, portanto, porque há sinais claros. Esse dia não será um desastre. Quem confia no Senhor não deve ter medo, nos conforta Jesus.
A esperança da proximidade do “dia do Senhor”, ao contrário, provocou uma atitude passiva e perigosa nos Tessalonicenses, como alerta São Paulo na segunda leitura (2Ts 3,7-12): Ora, ouvimos dizer que entre vós há alguns que vivem à toa, muito ocupados em não fazer nada. Em nome do Senhor Jesus Cristo, ordenamos e exortamos a estas pessoas que, trabalhando, comam na tranqüilidade o seu próprio pão”.
A alienação era tamanha que para eles não havia mais necessidade nem de trabalhar, pois bastava esperar o fim. Essa concepção de uma vinda quase automática do Dia do Juízo não tem nada a ver com a concepção cristã. Na verdade, a espera da salvação final deve, pelo contrário, dar sentido e motivação mais forte ainda às atividades cotidianas. É falando da destruição do Templo de Jerusalém que Jesus ensina sobre o juízo final.
A admiração dos discípulos pela beleza e pela riqueza do templo dá a Jesus a oportunidade de lançar um olhar sobre o futuro. Esta predição sobre a destruição completa do templo, o orgulho de toda uma nação, reforçou a reação dos escribas e doutores da Lei.
Ao anunciar o fim Jesus nos lembra que também o templo do nosso corpo será destruído um dia. Portanto, este corpo que “habitamos”, um bem muito maior do que o Templo de Salomão que suscitava a admiração do mundo inteiro e dos contemporâneos de Jesus, conhecerá a destruição e voltará a ser pobre.
O nosso corpo, por mais maravilhoso que seja é, todavia, perecível e frágil. A sua importância, porém, está no fato de que um dia será chamado á ressurreição.
O respeito pelo nosso corpo e pelo corpo do próximo está, justamente, aí. Este mundo visível também conhecerá o seu fim, como também, para cada um de nós vai haver um fim, um termo que nos afeta pessoalmente. Trata-se da passagem desta vida temporal para a vida eterna, o que significa esperar por um universo maravilhoso que existirá para sempre.
Jesus adverte os Seus discípulos a respeito dos sinais que precederão esse fim. Como sempre, Jesus evita responder à curiosidade vazia e vai direto ao ponto, ensinando o que será necessário fazer para reagir bem nessas circunstâncias cruciais que prepararão o fim.
Sobretudo, Jesus adverte para que não acreditemos muito depressa nos anúncios do fim do mundo. Não haverá um colapso imediato, mas vários, e sinais graduais de um fim que é cada vez mais inevitável.
O discurso de Jesus termina com uma frase que vale ouro: É permanecendo firmes que ireis ganhar a vida!” Ou seja, quem perseverar não precisa ter temer!
Os sinais do fim que Jesus descreve nos rodeiam por toda parte. Onde quer que vamos, ouvimos falar de guerras, de perseguições, terremotos, fomes, doenças e muitas outras catástrofes e tristezas.
Será que estamos, então, próximos do fim do mundo? Não sabemos. O que sabemos e o que é certo é que cada um de nós teremos o nosso próprio “fim do mundo”.
E quando certas seitas tentam amedrontar com estranhas interpretações dessas páginas do Evangelho, voltemos com confiança à Palavra de Jesus: “não tenhais medo... erguei as vossas cabeças porque a vossa libertação está próxima”.
O medo é diabólico e a palavra de Deus nunca o incentiva! Esta multiplicidade de religiões, igrejas e seitas que se apresentam com certo aspecto de austeridade, mas que na verdade não o são, é em si um sinal do fim dos tempos, segundo Jesus: “Cuidado para não serdes enganados, porque muitos virão em meu nome, dizendo: ‘Sou eu! ’ e ainda: ‘O tempo está próximo’. Não sigais essa gente! O Evangelho nos pede para rezar e esperar em paz, certos da proximidade de Jesus, que nos ama e nos protege: “Mas vós não perdereis um só fio de cabelo da vossa cabeça”. (Frei Alfredo Francisco de Souza, SIA – Missionário Inaciano – www.inacianos.org.br –formador@inacianos.org.br)


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