(Liturgia do Trigésimo Terceiro Domingo do Tempo
Comum)
Geralmente
quando passamos por tensões, conflitos e provações, é compreensível que
perguntemos: onde está Deus? Por que não intervém? Na verdade qualquer um de
nós, nessa situação, gostaria sim de manifestações e soluções imediatas e
espetaculares. Mas Deus é paciente. Ainda não é o tempo do grande juízo, pois
ainda há espaço para agir e para converter-se. Este é o ensinamento das
leituras da missa deste trigésimo terceiro domingo do Tempo Comum.
Ao
voltar do exílio os hebreus esperavam paz e bem estar. Mas, continuaram a viver
sob o domínio persa. A fé entrou em crise. A religião transformou-se em
formalismos. É nesse cenário que o profeta Malaquias lança um vigoroso apelo
insistindo que as pessoas devem olhar os acontecimentos e o futuro com
esperança, pois a salvação chegará.
Aliás,
o Salmo de hoje (97) reforça esta
mensagem rezando: “Exultem
na presença do Senhor, pois ele vem julgar a terra inteira. Julgará o universo
com justiça e as nações com eqüidade”.
Que os homens e a própria
natureza se alegrem, portanto, porque há sinais claros. Esse dia não será um
desastre. Quem confia no Senhor não deve ter medo, nos conforta Jesus.
A
esperança da proximidade do “dia do Senhor”, ao contrário, provocou uma atitude
passiva e perigosa nos Tessalonicenses, como alerta São Paulo na segunda
leitura (2Ts 3,7-12): “Ora, ouvimos dizer
que entre vós há alguns que vivem à toa, muito ocupados em não fazer nada. Em nome do Senhor Jesus Cristo,
ordenamos e exortamos a estas pessoas que, trabalhando, comam na tranqüilidade
o seu próprio pão”.
A
alienação era tamanha que para eles não havia mais necessidade nem de
trabalhar, pois bastava esperar o fim. Essa concepção de uma vinda quase
automática do Dia do Juízo não tem nada a ver com a concepção cristã. Na
verdade, a espera da salvação final deve, pelo contrário, dar sentido e
motivação mais forte ainda às atividades cotidianas. É falando da destruição do
Templo de Jerusalém que Jesus ensina sobre o juízo final.
A
admiração dos discípulos pela beleza e pela riqueza do templo dá a Jesus a
oportunidade de lançar um olhar sobre o futuro. Esta predição sobre a
destruição completa do templo, o orgulho de toda uma nação, reforçou a reação dos
escribas e doutores da Lei.
Ao
anunciar o fim Jesus nos lembra que também o templo do nosso corpo será destruído
um dia. Portanto, este corpo que “habitamos”, um bem muito maior do que o
Templo de Salomão que suscitava a admiração do mundo inteiro e dos
contemporâneos de Jesus, conhecerá a destruição e voltará a ser pobre.
O
nosso corpo, por mais maravilhoso que seja é, todavia, perecível e frágil. A
sua importância, porém, está no fato de que um dia será chamado á ressurreição.
O
respeito pelo nosso corpo e pelo corpo do próximo está, justamente, aí. Este
mundo visível também conhecerá o seu fim, como também, para cada um de nós vai
haver um fim, um termo que nos afeta pessoalmente. Trata-se da passagem desta
vida temporal para a vida eterna, o que significa esperar por um universo
maravilhoso que existirá para sempre.
Jesus
adverte os Seus discípulos a respeito dos sinais que precederão esse fim. Como
sempre, Jesus evita responder à curiosidade vazia e vai direto ao ponto,
ensinando o que será necessário fazer para reagir bem nessas circunstâncias
cruciais que prepararão o fim.
Sobretudo,
Jesus adverte para que não acreditemos muito depressa nos anúncios do fim do
mundo. Não haverá um colapso imediato, mas vários, e sinais graduais de um fim
que é cada vez mais inevitável.
O discurso
de Jesus termina com uma frase que vale ouro: “É permanecendo firmes que ireis
ganhar a vida!”
Ou seja, quem perseverar não precisa ter temer!
Os
sinais do fim que Jesus descreve nos rodeiam por toda parte. Onde quer que
vamos, ouvimos falar de guerras, de perseguições, terremotos, fomes, doenças e
muitas outras catástrofes e tristezas.
Será que estamos, então, próximos
do fim do mundo? Não sabemos. O que sabemos e o que é certo é que cada um de
nós teremos o nosso próprio “fim do mundo”.
E quando certas seitas tentam
amedrontar com estranhas interpretações dessas páginas do Evangelho, voltemos
com confiança à Palavra de Jesus: “não
tenhais medo... erguei as vossas cabeças porque a vossa libertação está próxima”.
O medo é diabólico e a palavra de
Deus nunca o incentiva! Esta multiplicidade de religiões, igrejas e seitas que se
apresentam com certo aspecto de austeridade, mas que na verdade não o são, é em
si um sinal do fim dos tempos, segundo Jesus: “Cuidado para não serdes enganados, porque muitos virão em meu nome,
dizendo: ‘Sou eu! ’ e ainda: ‘O tempo está próximo’. Não sigais essa gente!
O Evangelho nos pede para rezar e esperar em paz, certos da proximidade de
Jesus, que nos ama e nos protege: “Mas vós não perdereis um só fio de cabelo da
vossa cabeça”. (Frei Alfredo Francisco de Souza, SIA – Missionário Inaciano – www.inacianos.org.br –formador@inacianos.org.br).
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