(Liturgia
do Décimo Segundo Domingo do Tempo Comum)
A Palavra de Deus neste Décimo
Segundo Domingo do Tempo Comum nos permite imaginar o encontro com Jesus, assim
como aquele encontro com os seus discípulos mais próximos.
Diante do quadro do Evangelho de
hoje (Lc 9,18-24), creio ser
inevitável imaginar que Ele nos faça a mesma pergunta: “Para você... quem sou eu?”.
Aparentemente, pode parecer um
pergunta de resposta simples e fácil, mas pensando bem, corremos o risco de dar
a resposta errada e de fracassar no único encontro de nossas vidas em que não
poderíamos e não deveríamos fracassar.
Mas e se, realmente, nós não
soubéssemos dar uma resposta a essa pergunta? Se não o reconhecêssemos? E se
durante toda a nossa vida construímos uma imagem errada d’Ele? E se
constatássemos que a imagem de Jesus que construímos não correspondesse à Sua
verdadeira imagem? E, se O encontrando, descobríssemos que Ele é totalmente
outro, diferente daquela imagem que construímos e tivemos como referência
durante toda a nossa vida cristã e que, portanto, não somos tão cristãos assim
como imaginávamos que fôssemos?
Que decepção! Como seria terrível
essa constatação! Seria o grande e verdadeiro erro da nossa vida! Não porque
chegássemos à conclusão de que desperdiçamos a nossa vida, mas porque
percebemos que lutamos em vão. Porque cometemos, como cristãos, a única e
verdadeira falha que não poderíamos cometer e que, aliás, deveríamos ter
evitado cometer a todo custo, durante toda a nossa vida!
Quando imagino o inferno_ não que
eu viva pensando nele, porque creio que temos que nos ocupar mais com o Céu_ mais
do que imaginar um lugar, imagino um estado de viver e de ser, do qual, talvez,
nem mesmo o grande Dante tivesse conseguido descrever profundamente a horrível
realidade, mas do qual, sem sombra de dúvida, quis nos alertar.
Acredito que o verdadeiro inferno
é viver a eternidade, viver para sempre longe do amor, sobretudo do Amor de
Deus, longe do afeto, na ausência total da paz, permanecendo eternamente num
estado de horrível inquietude, mergulhados numa total falta de esperança de
poder sair desse “estado”.
Se nossas inquietudes já nos
perturbam tanto agora, imaginar que elas podem ser a única razão da nossa vida,
de fato, deveria nos aterrorizar!
Essa, sem dúvida, é a conseqüência
lógica de quem não escolhe o Deus-Amor, de quem se torna indiferente a Ele. É o
que resta para quem escolhe como razão de vida, já agora, o que jamais poderá
fazê-lo conhecer não só o Amor de Deus, mas tudo o que é próprio ao Deus de
Jesus Cristo, como a paz, a alegria, a serenidade, a benevolência, o amor
profundo!
Se e quando isso, de fato, acontecer,
a vida eterna não será, então, questão de “como” ou “quando”, mas de quem somos
nós, de como somos, de como queremos ser. Será questão de compreender que se
optarmos por viver indiferentes ao convite do Senhor para nos relacionarmos com
Ele e respondermos ao Seu projeto de amor, não será possível pretender viver em
união com Deus, que é Amor. Aliás, é este o alerta do Apóstolo Paulo na carta
aos Gálatas na segunda leitura (3,26-29):
“O que vale não é mais ser judeu nem
grego, nem escravo nem livre, nem homem nem mulher, pois todos vós sois um só,
em Jesus Cristo!”.
Resta-nos suplicar, portanto,
mostra-nos, Senhor, quem és Tu! Faze com que a nossa busca por Ti, não seja
apenas uma pergunta para chegar a uma conclusão, mas para crescer na consciência
de sermos cada vez mais abertos e íntimos do destino de alegria que nos espera
na ressurreição, compreendendo, sobretudo, que todo o sofrimento, dor,
tristezas e até mesmo a morte, é caminho para a vida!
Mostra-nos o Teu amor, Senhor! Faze
com que os nossos questionamentos a respeito de quem és Tu, seja um elo da nossa
existência presente e futura, que nos une a Deus que nos amou com todo o Seu
Ser, com Sua cruz, na morte e na ressurreição.
Ajuda-nos a amar, Senhor! Que não
fracassemos na busca por conhecer-Te, pelo fato de termos feito de ti uma imagem
que a Ti não corresponde. Que o Amor nos capacite e nos modele no Ser do
próprio Deus, com o Seu projeto de alegria eterna que nos espera e que
começará, justamente, quando os que não crêem disserem “tudo está acabado, não
há mais esperança”!
Então, no momento em que nos
encontrarmos, saberemos responder-Te: “Tu és o meu Senhor, Tu és o Cristo!”,
Aquele que, com o Seu amor, nos salvou e que nos lança a viver numa eternidade
de paz, amor, alegria, serenidade, junto a todos aqueles que buscam paz, amor,
alegria, serenidade e esperança no rosto do Senhor. (Frei Alfredo Francisco de Souza, SIA – Missionário Inaciano – formador@inacianos.org.br
– www.inacianos.org.br).
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