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Pároco Frei Alfredo Francisco de Souza, SIA.


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sábado, 22 de junho de 2013

QUEM SOU EU?

(Liturgia do Décimo Segundo Domingo do Tempo Comum)

A Palavra de Deus neste Décimo Segundo Domingo do Tempo Comum nos permite imaginar o encontro com Jesus, assim como aquele encontro com os seus discípulos mais próximos.
Diante do quadro do Evangelho de hoje (Lc 9,18-24), creio ser inevitável imaginar que Ele nos faça a mesma pergunta: “Para você... quem sou eu?”.
Aparentemente, pode parecer um pergunta de resposta simples e fácil, mas pensando bem, corremos o risco de dar a resposta errada e de fracassar no único encontro de nossas vidas em que não poderíamos e não deveríamos fracassar.
Mas e se, realmente, nós não soubéssemos dar uma resposta a essa pergunta? Se não o reconhecêssemos? E se durante toda a nossa vida construímos uma imagem errada d’Ele? E se constatássemos que a imagem de Jesus que construímos não correspondesse à Sua verdadeira imagem? E, se O encontrando, descobríssemos que Ele é totalmente outro, diferente daquela imagem que construímos e tivemos como referência durante toda a nossa vida cristã e que, portanto, não somos tão cristãos assim como imaginávamos que fôssemos?
Que decepção! Como seria terrível essa constatação! Seria o grande e verdadeiro erro da nossa vida! Não porque chegássemos à conclusão de que desperdiçamos a nossa vida, mas porque percebemos que lutamos em vão. Porque cometemos, como cristãos, a única e verdadeira falha que não poderíamos cometer e que, aliás, deveríamos ter evitado cometer a todo custo, durante toda a nossa vida!
Quando imagino o inferno_ não que eu viva pensando nele, porque creio que temos que nos ocupar mais com o Céu_ mais do que imaginar um lugar, imagino um estado de viver e de ser, do qual, talvez, nem mesmo o grande Dante tivesse conseguido descrever profundamente a horrível realidade, mas do qual, sem sombra de dúvida, quis nos alertar.
Acredito que o verdadeiro inferno é viver a eternidade, viver para sempre longe do amor, sobretudo do Amor de Deus, longe do afeto, na ausência total da paz, permanecendo eternamente num estado de horrível inquietude, mergulhados numa total falta de esperança de poder sair desse “estado”.
Se nossas inquietudes já nos perturbam tanto agora, imaginar que elas podem ser a única razão da nossa vida, de fato, deveria nos aterrorizar!
Essa, sem dúvida, é a conseqüência lógica de quem não escolhe o Deus-Amor, de quem se torna indiferente a Ele. É o que resta para quem escolhe como razão de vida, já agora, o que jamais poderá fazê-lo conhecer não só o Amor de Deus, mas tudo o que é próprio ao Deus de Jesus Cristo, como a paz, a alegria, a serenidade, a benevolência, o amor profundo!
Se e quando isso, de fato, acontecer, a vida eterna não será, então, questão de “como” ou “quando”, mas de quem somos nós, de como somos, de como queremos ser. Será questão de compreender que se optarmos por viver indiferentes ao convite do Senhor para nos relacionarmos com Ele e respondermos ao Seu projeto de amor, não será possível pretender viver em união com Deus, que é Amor. Aliás, é este o alerta do Apóstolo Paulo na carta aos Gálatas na segunda leitura (3,26-29): “O que vale não é mais ser judeu nem grego, nem escravo nem livre, nem homem nem mulher, pois todos vós sois um só, em Jesus Cristo!”.
Resta-nos suplicar, portanto, mostra-nos, Senhor, quem és Tu! Faze com que a nossa busca por Ti, não seja apenas uma pergunta para chegar a uma conclusão, mas para crescer na consciência de sermos cada vez mais abertos e íntimos do destino de alegria que nos espera na ressurreição, compreendendo, sobretudo, que todo o sofrimento, dor, tristezas e até mesmo a morte, é caminho para a vida!
Mostra-nos o Teu amor, Senhor! Faze com que os nossos questionamentos a respeito de quem és Tu, seja um elo da nossa existência presente e futura, que nos une a Deus que nos amou com todo o Seu Ser, com Sua cruz, na morte e na ressurreição.
Ajuda-nos a amar, Senhor! Que não fracassemos na busca por conhecer-Te, pelo fato de termos feito de ti uma imagem que a Ti não corresponde. Que o Amor nos capacite e nos modele no Ser do próprio Deus, com o Seu projeto de alegria eterna que nos espera e que começará, justamente, quando os que não crêem disserem “tudo está acabado, não há mais esperança”!
Então, no momento em que nos encontrarmos, saberemos responder-Te: “Tu és o meu Senhor, Tu és o Cristo!”, Aquele que, com o Seu amor, nos salvou e que nos lança a viver numa eternidade de paz, amor, alegria, serenidade, junto a todos aqueles que buscam paz, amor, alegria, serenidade e esperança no rosto do Senhor. (Frei Alfredo Francisco de Souza, SIA – Missionário Inaciano – formador@inacianos.org.brwww.inacianos.org.br).


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