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Pároco Frei Alfredo Francisco de Souza, SIA.


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sábado, 15 de junho de 2013

PRIMEIRO O PERDÃO, DEPOIS A RESPOSTA DE AMOR

(Liturgia do Décimo Primeiro Domingo do Tempo Comum)

 “Ora, se a Justiça vem pela lei, então Cristo morreu inutilmente”. É o que nos diz São Paulo na segunda leitura escrita aos Gálatas (2,16.19-21), neste décimo primeiro domingo do Tempo Comum.
A afirmação paradoxal de uma morte vã de Jesus exprime bem a grande preocupação do Apóstolo, que perpassa toda a sua missão e todos os seus escritos.
Pensar que possa ser a observância de uma regra que vai nos salvar ou justificar-nos, como disse Paulo, significa tornar vão tudo aquilo que Jesus fez e ensinou.
Mas por que Paulo é tão peremptório nesta afirmação? Porque chega a usar palavras tão fortes e decisivas? Porque ele sabe que, nesse caso, o perigo é real para os seus irmãos e irmãs das comunidades cristãs que fundou. Não só para esses, mas o mesmo será para os fieis que em todas as épocas se inspirarão em Cristo e o seguirão.
Um risco sutil, mas capaz de tornar vã, de fato, a morte de Jesus.
Em que consiste o risco? O risco consiste em pensar que a salvação seja mais obra nossa ou de alguma coisa que venhamos a fazer, do que de Jesus e do dom da Sua Graça.
Este é o primeiro motivo da insistência de Paulo: o primado de Jesus, e daquilo que Ele fez, doando-se por nós, e não daquilo que nós fazemos, mesmo com boas intenções ou mesmo com inspiração religiosa.
O coração da salvação está naquilo que o Senhor fez por nós, e não naquilo que nós podemos fazer por Ele. Paulo sabe muito bem que os cristãos correm o risco de compreender o caminho religioso como um modo de fazer algo para Deus.
Mas o que poderíamos fazer para Deus, ou por Deus? É Ele, pelo contrário, que faz tudo para nós e por nós, conforme atesta a primeira leitura (2Sm 12,7-10.13), quando o Profeta Natã recorda a Davi tudo o que Deus fez por ele.
O dom de Deus é como um rio de águas inexauríveis. “E, se isto te parece pouco, vou acrescentar outros favores”, disse Deus, por meio do Profeta!
O que deixa claríssimo que o que Deus faz é sempre mais, é sempre primeiro, é sempre fora das nossas proporções, no que diz respeito ao que nós podemos fazer.
Naturalmente, a história de Davi nos lembra que esse dom inesgotável espera uma resposta. Mas a resposta, é claro, vem depois, não é a primeira palavra, é apenas o que vem em segundo lugar, é um segundo passo.
O risco é pensar que a salvação seja mais conseqüência e resultado de um dever cumprido por nós, do que do amor que Jesus nutre por nós e que faz com dê por nós a Sua própria vida na cruz.
No Evangelho (Lc 7,36-8.3) as palavras de Jesus a Simão, o seu anfitrião fariseu que, na realidade, nunca O acolheu de fato, mesmo tendo-Lhe aberto a porta da sua casa, é uma referência à primazia do verdadeiro relacionamento.
A hospitalidade verdadeira é aquela que acolhe no coração e não apenas no espaço físico. É aquela que nasce do amor. A autêntica hospitalidade não é um fato externo, um modo de comportar-se educadamente, mas é fruto de escolhas interiores pautadas no amor.
As lágrimas daquela mulher, Maria de Betânia, exprimem exteriormente um evento interior e criam um verdadeiro elo entre a interioridade e a exterioridade, mais do que as palavras de Simão ou a sua “porta” que estava aberta apenas aparentemente.
O que está em jogo naquela relação forjada no amor, Jesus o disse expressa e claramente. Trata-se do perdão que, mais uma vez, tem Jesus como o sujeito, como Aquele que toma a iniciativa, porque o amor de quem é perdoado vem depois. Isto é, é a resposta e o fruto do perdão oferecido previamente.
Jesus nos perdoa, e quando nós O acolhemos e acolhemos o Seu perdão, aprendemos a amá-Lo e, muitas vezes o expressamos através das nossas lágrimas de arrependimento.
Aquele a quem se perdoa pouco, mostra pouco amor”, disse Jesus, indicando claramente a ordem desse processo: primeiro o perdão, e depois a resposta de amor. Lembrar-nos do quanto fomos perdoados, nos ajuda a amar muito a Jesus, como também a seguí-Lo entre as lagrimas do nosso arrependimento e a alegria que brota do encontro com Ele. (Frei Alfredo Francisco de Souza, SIA – Missionário Inaciano. www.inacianos.org.br. www.inacianos.org.br). 

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