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Pároco Frei Alfredo Francisco de Souza, SIA.


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sábado, 4 de maio de 2013

CRER É AMAR E VIVER A PALAVRA


(Liturgia do Sexto Domingo da Páscoa)
Neste Tempo Pascal a Igreja recorda, de diversos modos, o Cristo Ressuscitado, concretamente vivente e presente na história.
Nestas semanas o Evangelho tem apresentado o encontro do Ressuscitado com Madalena, com os discípulos de Emaús, com Tomé, com Pedro.
Além disso, na quarta e na quinta semanas da Páscoa lembrou que o Ressuscitado está presente naqueles que desenvolvem na Igreja um serviço pastoral e no amor concretamente vivido na comunidade cristã, segundo o modelo do amor que o próprio Jesus testemunhou.
A mensagem dos domingos do Tempo Pascal chega, portanto, ao seu cume porque o Ressuscitado está presente, porque faz morada no coração do homem de fé que O escuta, como no Evangelho deste sexto domingo da Páscoa (Jo 14,23-29), que anuncia que aquele que tem fé se torna, através do Ressuscitado, morada da Trindade.
Na primeira leitura (At 15,1-2.22-29), é narrada a “ação eclesial” do Ressuscitado, quando para resolver os conflitos gerados pelos diversos componentes do cristianismo, isto é, dos pagãos e dos judeus, é convocada a assembleia de Jerusalém.
Os textos dos Atos dos Apóstolos que retornam com abundância no Tempo da Páscoa, seja nas liturgias semanais ou aos domingos, sublinham o modo como a Igreja anuncia o Ressuscitado, justamente porque vive dele.
A segunda leitura (Ap 21-24.22-23) apresenta a descrição da morada escatológica de Deus, a Jerusalém celeste, que representa a realização do Reino.
O Evangelho e as leituras, portanto, descrevem de modo completo a ação do Ressuscitado na vida daqueles que crêem no nível pessoal, eclesial e escatológico.
No Evangelho deste domingo há uma coincidência entre o amor e a fé: “Se alguém me ama, guardará a minha Palavra, e o meu Pai o amará, e nós viremos e faremos nele a nossa morada”.
A fé, portanto, é certamente, em primeiro lugar, conhecimento que provém do depósito que recebemos, depois é esforço de caráter moral, isto é, observância dos mandamentos, mas é, acima de tudo, abandono confiante em Deus, entrega da nossa vida ao Pai, o que significa em síntese, um ato de amor.
Jesus também parte do amor: “Se alguém me ama...” e dessa escola, provém todo o resto como conseqüência natural.
Na verdade, Jesus faz um convite ao ser humano. Convite que, na verdade, faz refletir em primeiro lugar, por causa dos dons recebidos da Igreja, o Batismo, a partir do qual é assinalada a presença de próprio Cristo na vida dos cristãos.
O convite se refere também, primeiramente, à formação permanente necessária para “guardar” e fazer frutificar os sacramentos recebidos e a Palavra ouvida.
Em segundo lugar, recorda como a oração permite reconhecer e fazer crescer a Sua presença na vida de cada pessoa.
Por último, sublinha que o amor vivido concretamente O torna visível a todos os homens.
A morada de Deus nos discípulos, isto é, a forma como está presente na vida de cada um, por meio de Cristo é capaz de encher-nos de consolação, mas não só, pois ao mesmo tempo nos dá responsabilidade, porque essa realidade extraordinária deve tornar-se o prenúncio dos bons frutos que devemos produzir na vida e, sobretudo, de uma alegria plena na vida quotidiana de todas as pessoas de fé. A vinda do Senhor não só é um evento futuro e distante, mas, sobretudo pode acontecer no íntimo secreto do coração de cada homem.
O Espírito Consolador prometido por Jesus é aquele que deve suscitar a morada de Deus na interioridade do homem e da mulher de fé. Nesse sentido cada mestre e guia espiritual deverá estar a serviço do Mestre interior que é o Espírito.
Logo, do convite de Jesus aos discípulos e de tudo o que diz respeito ao apelo por Ele feito na despedida, é possível concluir que não crer, na verdade, significa não estar interessado em nenhuma relação com Ele, como também não querer confessá-Lo como Senhor, nem pretender escutar a Sua Palavra.
É necessário não perder de vista a íntima identidade relacional da fé que não é simplesmente um ato de caráter formal.
Pelo mesmo motivo só os homens e as mulheres conscientes da vida divina que habita neles saberão, verdadeiramente, testemunhar e anunciar o Reino de Deus. (Frei Alfredo Francisco de Souza, SIA – Missionário Inaciano – formador@inacianos.org.brwww.inacianos.org.br).


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