(Liturgia do Sexto Domingo da Páscoa)
Neste Tempo
Pascal a Igreja recorda, de diversos modos, o Cristo Ressuscitado,
concretamente vivente e presente na história.
Nestas
semanas o Evangelho tem apresentado o encontro do Ressuscitado com Madalena,
com os discípulos de Emaús, com Tomé, com Pedro.
Além disso,
na quarta e na quinta semanas da Páscoa lembrou que o Ressuscitado está
presente naqueles que desenvolvem na Igreja um serviço pastoral e no amor
concretamente vivido na comunidade cristã, segundo o modelo do amor que o
próprio Jesus testemunhou.
A mensagem
dos domingos do Tempo Pascal chega, portanto, ao seu cume porque o Ressuscitado
está presente, porque faz morada no coração do homem de fé que O escuta, como
no Evangelho deste sexto domingo da Páscoa (Jo
14,23-29), que anuncia que aquele que tem fé se torna, através do
Ressuscitado, morada da Trindade.
Na primeira
leitura (At 15,1-2.22-29), é narrada
a “ação eclesial” do Ressuscitado, quando para resolver os conflitos gerados
pelos diversos componentes do cristianismo, isto é, dos pagãos e dos judeus, é
convocada a assembleia de Jerusalém.
Os textos
dos Atos dos Apóstolos que retornam com abundância no Tempo da Páscoa, seja nas
liturgias semanais ou aos domingos, sublinham o modo como a Igreja anuncia o
Ressuscitado, justamente porque vive dele.
A segunda
leitura (Ap 21-24.22-23) apresenta a
descrição da morada escatológica de Deus, a Jerusalém celeste, que representa a
realização do Reino.
O Evangelho
e as leituras, portanto, descrevem de modo completo a ação do Ressuscitado na
vida daqueles que crêem no nível pessoal, eclesial e escatológico.
No
Evangelho deste domingo há uma coincidência entre o amor e a fé: “Se alguém me ama, guardará a minha Palavra,
e o meu Pai o amará, e nós viremos e faremos nele a nossa morada”.
A fé,
portanto, é certamente, em primeiro lugar, conhecimento que provém do depósito
que recebemos, depois é esforço de caráter moral, isto é, observância dos
mandamentos, mas é, acima de tudo, abandono confiante em Deus, entrega da nossa
vida ao Pai, o que significa em síntese, um ato de amor.
Jesus
também parte do amor: “Se alguém me
ama...” e dessa escola, provém todo o resto como conseqüência natural.
Na verdade,
Jesus faz um convite ao ser humano. Convite que, na verdade, faz refletir em
primeiro lugar, por causa dos dons recebidos da Igreja, o Batismo, a partir do
qual é assinalada a presença de próprio Cristo na vida dos cristãos.
O convite
se refere também, primeiramente, à formação permanente necessária para
“guardar” e fazer frutificar os sacramentos recebidos e a Palavra ouvida.
Em segundo
lugar, recorda como a oração permite reconhecer e fazer crescer a Sua presença
na vida de cada pessoa.
Por último,
sublinha que o amor vivido concretamente O torna visível a todos os homens.
A morada de
Deus nos discípulos, isto é, a forma como está presente na vida de cada um, por
meio de Cristo é capaz de encher-nos de consolação, mas não só, pois ao mesmo
tempo nos dá responsabilidade, porque essa realidade extraordinária deve
tornar-se o prenúncio dos bons frutos que devemos produzir na vida e,
sobretudo, de uma alegria plena na vida quotidiana de todas as pessoas de fé. A
vinda do Senhor não só é um evento futuro e distante, mas, sobretudo pode
acontecer no íntimo secreto do coração de cada homem.
O Espírito
Consolador prometido por Jesus é aquele que deve suscitar a morada de Deus na
interioridade do homem e da mulher de fé. Nesse sentido cada mestre e guia
espiritual deverá estar a serviço do Mestre interior que é o Espírito.
Logo, do
convite de Jesus aos discípulos e de tudo o que diz respeito ao apelo por Ele
feito na despedida, é possível concluir que não crer, na verdade, significa não
estar interessado em nenhuma relação com Ele, como também não querer confessá-Lo
como Senhor, nem pretender escutar a Sua Palavra.
É
necessário não perder de vista a íntima identidade relacional da fé que não é
simplesmente um ato de caráter formal.
Pelo mesmo
motivo só os homens e as mulheres conscientes da vida divina que habita neles
saberão, verdadeiramente, testemunhar e anunciar o Reino de Deus. (Frei
Alfredo Francisco de Souza, SIA – Missionário Inaciano – formador@inacianos.org.br – www.inacianos.org.br).
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