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sexta-feira, 30 de novembro de 2012

ADVENTO: UM CONVITE À VIGILÂNCIA

ADVENTO: UM CONVITE À VIGILÂNCIA
(Liturgia do Primeiro Domingo do Advento – C -)

Neste domingo, o primeiro do Advento, iniciamos um novo ano litúrgico. Trata-se de um “Ano da Graça Divina”, sinal de um ciclo completo durante o qual o mistério de Cristo é representado e revivido. Por isso o Princípio é idêntico ao final do ano litúrgico que encerramos, porque Cristo Senhor é o Alfa e o Ômega.
O ano se fecha com a solenidade de Jesus Cristo, Rei do Universo (domingo passado) que insiste sobre a glória final do Senhor e, pontualmente, o mesmo argumento é retomado no primeiro domingo do Advento do ano seguinte, isto é, este primeiro domingo, portanto, também no início.
O tempo do Advento é, particularmente, marcado pela vinda do Senhor. Isto é, a primeira “vinda histórica” que inaugura o tempo da salvação e também da segunda “vinda escatológica”, em que acontecerá o pleno cumprimento do tempo da salvação.
Entre a primeira e a segunda vinda se coloca a vida da Igreja que celebra o único mistério de Cristo no hoje, a Sua “vinda”, a sua constante manifestação como Salvador, recordando tanto a vinda histórica como a vinda final.
Uma vez o Verbo veio e se fez carne cumprindo o que esperava Israel. Hoje o Verbo vem como Sacramento Universal de Salvação na Igreja, na Eucaristia, na Palavra proclamada e pregada à luz do Espírito santo e, por que não, na pessoa do irmão que vem a nós tomado pelo sofrimento. No final, virá como Pastor e Juiz. (Mt 25).
Seria muito redutivo conceber o tempo do Advento somente como um período de espera pelo Natal, porque o ato de ir ao encontro do Senhor, que se faz próximo ao homem, é uma das questões principais da fé cristã.
O caminho cristão é todo voltado para o saber acolher a novidade de Deus e, por isso, é necessário saber viver nessa “espera”. É preciso ser e estar vigilantes.
Saber vigiar, assim como Jesus nos recorda muitas vezes nas suas parábolas, porque o Senhor “vem como um ladrão de noite ou como um senhor que retorna para ver o que fizeram e como agiram os seus servos”.
O tema do Advento nos remete a uma questão que poderíamos dizer que é questão de estilo de vida.  Um estilo de vida ligado à constância da vida cristã. Inclusive, porque “esperar” é algo cansativo e que a nossa civilização desaprendeu a fazer. Esperar hoje, mais do que nunca, é um risco porque vivemos numa sociedade que quer tudo pra já e que não está muito disposta a realizar processos pedagógicos que exijam paciência.
Além disso, é sabido que aquele que espera corre sempre o risco de “baixar a guarda”, isto é, a qualidade da vida de fé, a ponto de não conseguir fazer emergir mais a clareza daquela “diferença que dever ser a vida docristão” e que o mundo espera daqueles que se inspiram na “Boa Notícia” de Jesus Cristo.
É necessário, portanto, ir ao encontro do Senhor, movimentar-se na Sua direção, renovando a atitude de escuta e de fidelidade, reacendendo o entusiasmo da caridade.
Este primeiro domingo do Advento, de modo especial, nos convida a renovar a nossa fé. Trata-se, acima de tudo, de renovar a fé e a confiança no cumprimento das promessas de Deus, como vemos o apelo do Profeta Jeremias na primeira leitura (Jr 33,14-16); na primeira carta aos Tessalonicenses na segunda leitura (1Ts 3,12-4,2) que insiste na questão da caridade que deve “aumentar e transbordar sempre mais” em todos os que têm fé.
No Evangelho de Lucas (21,25-28.34-36) a esperança é apresentada como a virtude que precisa sempre ser nutrida, inclusive e especialmente diante das catástrofes e contradições desta vida: “quando estas coisas começarem a acontecer, levantai-vos e erguei a cabeça, porque a vossa libertação está próxima”.
Com certeza as virtudes teologais (fé, esperança e caridade) possuem a força de nos guiar nos caminhos mais difíceis e de marcar os nossos passos nos momentos particularmente exigentes.   
Ao lermos Apocalipse do Evangelho de Lucas, precisamos tomar cuidado para não corrermos o risco de historicizar, isto é, fazer uma leitura sob a ótica histórica dos acontecimentos.
As catástrofes ali descritas não coincidem com o fim do mundo, como também não pretendem fazer nenhuma adivinhação sobre o momento preciso em que ocorrerá. Não é necessário, tampouco, “arquitetar” uma fuga das dificuldades da vida, fingir que elas não existem, nem escapar das dores da realidade para refugiar-se numa visão espiritualista e ingenuamente otimista.
Vigiar, isto é, ficar atentos, de acordo com o contexto do Advento, significa lutar contra a angústia, não deixar-se alienar e nem se perder, não perder o caminho, não ser arrastado pelos eventos.
Ser vigilante quer dizer também encontrar a força e a coragem necessárias para impedir o medo de paralisar-nos e de sermos levados à morte, representada pelo “desmaio” no versículo 26 do Evangelho. A vigilância impede o “endurecimento” e a insensibilidade do coração “por causa da gula, da embriaguez e das preocupações da vida (...)”.
O convite de Jesus, de maneira clara e direta, nos induz a verificar a freqüência e a qualidade da nossa oração, porque à oração, está ligada a fé e a qualidade da nossa vida.(Frei Alfredo Francisco de Souza, SIA – Superior dos Missionários Inacianos – formador@inacianos.org.br – Web site: www.inacianos.org.br).

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