(Liturgia da Solenidade de Corpus Crhisti)
A primeira
leitura da solenidade da festa de Corpus Christi no ano B, nos propõe um trecho
do livro do Êxodo (24.3 -8). Esta Perícope fala da Aliança celebrada com as
palavras: "Faremos tudo quanto nos disse
o Senhor", mas também através de um gesto significativo.
Na verdade,
Moisés, depois de ter ordenado que fossem oferecidos sacrifícios de comunhão e
depois de ter sacrificado touros, despeja a metade do sangue sobre o altar,
símbolo de Deus, e com a outra metade asperge o povo dizendo: "Este é o sangue da Aliança que o
Senhor fez convosco segundo todas estas palavras”'.
A segunda
leitura, por sua vez, nos recorda que Cristo é o mediador de uma nova Aliança
porque "Ele entrou uma vez por todas
no Santuário, não mediante o sangue de bodes e de bezerros, mas com o Seu
próprio sangue, obtendo, assim, uma redenção eterna”. Mais adiante o autor
conclui: "por isso Ele é o mediador
de uma nova aliança. Pela Sua morte, Ele reparou as transgressões cometidas no
decorrer da primeira aliança. E assim, aqueles que são chamados recebem a
promessa da herança eterna“ (Hb 9,15).
No final do
Evangelho proposto para esta solenidade, a nova Aliança é apresentada nas palavras
de Jesus que, em seguida, serão sempre pronunciadas na oração Eucarística: “Isto é o meu sangue, o sangue da Nova
Aliança, que é derramado em favor de muitos" (Mt 14,12. 22-26).
É
necessário, portanto, ter em mente, antes de tudo, que a Aliança prometida e
depois realizada por Jesus através da celebração da Eucaristia continua
concreta e operante. Isto é, o pacto de amizade entre Deus e o ser humano, amizade
almejada por um lado, e por outro, tão difícil de alcançar, sobretudo pelo
próprio homem, se torna possível, visível e concreta em Cristo.
A vida
sacramental e a escuta da Palavra tendem, justamente, à construção e à manutenção
deste vínculo com o Senhor, a fim de que a Nova Aliança realizada seja também a
obra por excelência na vida dos cristãos e através deles, na vida de todos os
homens pelos quais o Senhor deu a Sua vida.
Assim, a participação
na Eucaristia, consequentemente, torna-se também uma ocasião para a oração de
intercessão por todo o mundo, como a Igreja faz, quando na sua liturgia reza,
de modo especial, a oração universal. Aliás, todos os sacramentos repropõem o
Memorial de Cristo morto e ressuscitado, através dos quais Ele é o Emanuel, isto
é, Deus conosco até o fim dos tempos. É por isso que os sacramentos podem ser
chamados também de mistérios.
A
Eucaristia, corpo e sangue do Senhor, comunica-nos toda a vida e toda a
vitalidade de Cristo. A Igreja, portanto, celebra a Eucaristia, mas ao mesmo
tempo em que a celebra percebe que, na realidade, é a própria Eucaristia que a
edifica e lhe dá vida. Isto é, no coração da vida da Igreja está, portanto, a
Eucaristia que a mantém viva, porque a torna totalmente de Cristo e através
dele, da Trindade.
A
solenidade de Corpus Christi chega até nós após a celebração de uma série de
outras solenidades importantes como a Ascensão, o Pentecostes e a Santíssima
Trindade, justamente porque com a Eucaristia, através do Senhor, estamos em
comunhão com a maravilha da vida divina.
No limiar
do Ano da Fé e ao celebrarmos esta solenidade, seria o caso de questionarmos, explicita
e diretamente, se aquilo que se conhece da Nova Aliança é capaz de “dialogar”
com a vida de cada um de nós e de todos, pois é preciso despertar a consciência
de que, quem é cristão, não é apenas convidado a participar da celebração da
Eucaristia na Santa Missa, mas também é convocado a viver de modo eucarístico,
ou eucaristicamente, reconhecendo-a como o “cume e a fonte da vida cristã” (Sacrosanctum
Concilium, 10).
É a oração
“post communio” (pós-comunhão) no final da própria celebração da Eucaristia que
nos ajuda a dialogar de modo a renovar e a desejar uma relação cada vez mais
estreita entre a Eucaristia celebrada, a vida presente e a vida eterna ao
suplicar: “Dai-nos, Senhor Jesus, possuir
o gozo eterno da vossa divindade, que já começamos a saborear na Terra, pela
comunhão do vosso Corpo e do vosso Sangue”. Louvado seja o Santíssimo
Sacramento do Altar! (Frei Alfredo Francisco de Souza,
SIA – Superior dos Missionários Inacianos – formador@inacianos.org.br
– Website: www.inacianos.org.br).
Nenhum comentário:
Postar um comentário