JESUS, MARIA E JOSÉ.
"Então o levarei para ser apresentado ao Senhor, e ali ficará para
sempre"! Assim fala a primeira leitura (Sm 1,20-22.24-28), pela boca de Ana, a mãe do qual fala a passagem
do primeiro livro de Samuel.
Nestas
palavras é possível detectar a vocação de todos os pais cristãos, que têm
consciência de terem recebido os filhos como um dom de Deus, e que os geraram
não para serem seus, mas para Deus.
Para
Deus, isto é, para que Deus tenha na vida de um homem e de uma mulher um
"lugar" onde semear a Sua própria presença na história do mundo.
Acabamos
de celebrar o Natal que nos recorda que Deus age no mundo por meio dos homens e
em favor dos homens. Portanto, para um cristão, gerar um filho significa ajudar
a Deus a continuar a Sua obra de salvação, como também dar a Deus uma
"ocasião " para agir
através de um outro ser, pois é para Deus que os filhos são gerados! Isto significa que os pais criam e
educam os seus filhos para que tenham Deus como horizonte, como fim e esperança
da sua própria vida.
É
possível, às vezes, acontecer que um pai faça dos filhos a sua própria
esperança, mas talvez, esta perspectiva seja insuficiente. Nós, e conosco os
nossos filhos, temos necessidade de uma esperança.
Nós
e os nossos filhos vivemos para Deus. É Ele a nossa esperança, é Ele o nosso
futuro e é para Ele que nós vivemos. Dizer que vivemos por Deus, em Deus e para
Deus, significa, como nos recorda a segunda leitura (1Jo 3,1-2.21-24), ser filhos que têm diante de si um futuro
infinito, que não sabemos nem ao menos conceituar.
Neste
sentido somos todos filhos, mesmo os que se tornaram pais, numa identidade
misteriosa, aberta, incessantemente dinâmica, que caminha na direção da
plenitude que Deus nos dará na vida eterna e que nós não conseguimos enxergar,
tampouco imaginar.
Ser filhos, então, não é apenas uma
definição, mas um "lançar-se", um movimento e um futuro. Não
significa apenas ser definidos a partir da nossa origem, do nosso "de onde
viemos" ou "de quem nascemos" mas, precisamente, aprender a viver a partir do nosso futuro.
Somos
todos filhos de Deus, o que quer dizer que somos todos filhos do futuro que
Deus quer para cada um de nós, nos Seu amor; somos a Sua sagrada família.
Dizer
que somos para Deus e que somos Seus filhos, significa dizer, como o Evangelho (Lc 2,41-52) que narra os pais de Jesus
reencontrando-O no templo, quando ajudamos um filho a encontrar o próprio lugar
na comunidade cristã, para que se "ocupe
com as coisa do seu Pai", e na Igreja, saiba inserir-se na dinâmica da
escuta da Palavra de Deus, como o menino Jesus, que aprende a escutar e a
interrogar os mestres da fé.
Sim,
porque também se gera um filho para Deus ajudando-o, enquanto cresce, a ter um
sentido comunitário da vida, a amar a comunidade cristã, a fazer que se sinta
em casa como se sentem na própria casa paterna, inserindo-os numa tradição
viva, como fizeram José e Maria ao levá-lo a Jerusalém, para a peregrinação,
seguindo os costumes da sua comunidade.
Hoje,
mais do que nuca, cabe à nós o desafio de educarmos os filhos, inserindo-os na
vida da comunidade eclesial, para que todos, inclusive nós adultos, nos
sintamos filhos da Igreja, e da sua tradição viva que nos nutre e nos mantém na
luz do Evangelho e da caridade. Assim, seremos a sagrada família. Uma família
que ama sua Mãe Igreja, na qual fomos gerados por Deus, nosso Pai. Frei Alfredo Francisco de Souza, SIA -
Missionário Inaciano.
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