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Pároco Frei Alfredo Francisco de Souza, SIA.


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sábado, 14 de fevereiro de 2015

"EU QUERO, FICA CURADO"!

(Liturgia do Sexto Domingo do Tempo Comum)


            O Evangelho deste Sexto Domingo do Tempo Comum (Mc 1,40-45) revela, mais uma vez, a misericórdia de Jesus para com o próximo, que sofre.
            O leproso suplica, cai de joelhos  e cheio de fé, suplica: "Se queres, tens o poder de curar-me". Aqui, mais uma vez, Jesus tem a oportunidade mostrar novamente que o que mais quer é salvar-nos e curar-nos. É por isso que a Sua resposta é imediata: "Eu quero, fica curado". "Jesus, cheio de compaixão, tocou nele".        Na verdade o que Jesus faz é um gesto simples. Aparentemente um gesto de ternura para com alguém que, como sabemos, ninguém se aproximava e, obviamente, ninguém o tocava. Trata-se de alguém excluído e que ainda tinha a obrigação de se apresentar e anunciar, por onde passava, que era impuro.
            O toque de Jesus no leproso, quase  um afeto, revela uma proximidade com alguém para com quem todos queriam mantinham distância. Contudo, torna-se um gesto fundamental para alguém que pede a cura.
            "Eu quero, fica curado!" Jesus compreende muito bem que, a quem tem necessidade, não se pode fazer perder um segundo, sequer. A salvação é urgente! A misericórdia de Jesus cura imediatamente: "No mesmo instante a lepra desapareceu e ele ficou curado".
            Falando firmemente Jesus disse-lhe: "não contes nada disso a ninguém". Depois recomendou, conforme a lei, que levasse a oferta pela cura ao templo, como se o mérito da cura fosse de outra pessoa, e não do próprio Jesus.
            Que grande lição para todos nós! O próprio Jesus ensina em outra ocasião, "que a tua mão direita não saiba o que faz a esquerda".
            Como é difícil entender que o destaque que damos às nossas próprias ações e aos nossos próprios méritos é que faz com que seja tão difícil compreender que somos apenas "servos inúteis", e que o bem que, às vezes, conseguimos fazer, é mérito devido somente a Deus que, com todos os dons e graças que nos concede, poderia esperar muito mais de nós. Quantas vezes Deus se compadece de nós, e nós nem ao menos agradecemos.
            O leproso não agiu segundo a firme recomendação de Jesus. Apesar de ter sido, praticamente, intimado, "ele saiu e começou a comentar e a divulgar muito o fato".
            Na verdade, Jesus não está preocupado com aplausos, tampouco quer se tornar uma celebridade na cidade. Pelo contrário, sempre evitava entrar na cidade. "Ficava fora, em lugares desertos".
            Jesus procura ocultar-se, como vemos diversas ocasiões nos Evangelhos, "Jesus retirou-Se para um lugar deserto". Não obstante essa necessidade de "esconder-Se", a Sua infinita misericórdia falava por si.
            A multidão O procura. Quer tanto encontrá-Lo que "de toda parte vinham procurá-Lo". A procura por Jesus parece quase uma "corrida" para alcançá-Lo.
            Essa "corrida", seja da multidão, seja de uma ou outra personagem, para encontrar Jesus aparece diversas vezes nos Evangelhos para nos indicar o verdadeiro sentido da vida. Trata-se do sentido que somente Ele sabe dar, e que o dá a quem O procura, de coração sincero. E quem O encontra, verdadeiramente, não pode se conter de felicidade e quer partilhá-la com os outros, assim como o leproso curado.
            Poucos, como Paulo, como vemos na segunda leitura (1Cor 10,31-11,1) compreenderam o valor desta busca por Jesus, ao ponto de, depois de encontrá-Lo, viver é viver de Cristo, em Cristo e por Cristo. É por isso que, na leitura de hoje, pode dizer: "Sede meus imitadores, como também eu o sou de Cristo"!    Assim, a vida se transforma radicalmente. Até mesmo as coisas mais comuns adquirem o sentido do sagrado: "Quer comais, quer bebais, quer façais qualquer outra coisa, fazei tudo para a glória de Deus".       Tudo se torna uma verdadeira ação de graças que dá verdadeiro sentido à vida, e é isso que Deus espera de nós.
            É Paulo também que nos recorda que Jesus nos pede apenas uma coisa. "Não escandalizeis ninguém, nem judeus, nem gregos, nem a Igreja de Deus". A recomendação não é apenas para que não se escandalize os que tem fé cristã, mas nem os judeus ou gregos e, inclusive os que fazem parte da "Igreja de Deus".
            A recomendação quer dizer é que sejamos motivo de edificação para todos, sem exceção.  E se perguntarmos o que quer, de fato, dizer, quando se refere a escândalo, é ele mesmo quem nos dá uma resposta e, pelo menos para esse contexto, recomenda aquilo que ele próprio faz para não escandalizar a ninguém: "não busco o que é vantajoso para mim mesmo, mas o que é vantajoso para todos, a fim de que sejam salvos". Portanto, escândalo aqui é sinônimo de obstáculo para o bem e para salvação de alguém. É isso o que importa! Frei Alfredo Francisco de Souza, SIA.


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