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Pároco Frei Alfredo Francisco de Souza, SIA.


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sábado, 10 de janeiro de 2015

SOLENIDADE DO BATISMO DO SENHOR

"TU ÉS O MEU FILHO AMADO"

Com a Solenidade do Batismo do Senhor concluímos o chamado ciclo ou Tempo do Natal. Tempo de festa solene em que a Igreja se reveste de luz e alegria pelo nascimento de Jesus.
            A liturgia de hoje nos ajuda a lembrar que na vida há sempre um primeiro dia para um pequeno ou grande passo que se dá.
            Assim, temos o primeiro dia de aula, a primeira comunhão, o primeiro dia na faculdade, o primeiro dia de trabalho, a primeira noite de núpcias etc.
             Em cada um desses momentos de "iniciação" de uma nova vida ou de uma nova etapa, não raro surge em nós o sentimento de pequenez e, talvez, até mesmo de temor ou apreensão, com relação ao passo que estamos para dar.
            Um desafio que ultrapassa a nossa capacidade de controle das situações e os acontecimentos que o futuro nos  reserva, faz vir à tona partes profundas de nós mesmos, talvez nunca antes conhecida.  O temor e a apreensão são conseqüências de nos sentirmos pequenos diante do futuro, do novo.
            Na liturgia de hoje, o Evangelho (Mc 1,7-11), o Batismo é também o primeiro dia de Jesus e de toda a Sua missão que se inicia a partir do Jordão. É o primeiro passo na Sua nova vida, longe de Nazaré, o pequeno vilarejo onde cresceu e viveu até aquele momento.
            Para Jesus também esse primeiro passo deve ter sido uma experiência de pequenez e de humildade. Não houve nenhuma procissão, nenhuma festa, nenhum cortejo, tampouco nenhuma pompa ou solenidade. Havia somente uma grade fila de pecadores na qual Ele entrou,  pacientemente, até que a Sua vez chegasse.
            Na primeira leitura (Is 42,1-4.6-7), somos convidados pelo Pai, que fala pela boca de Isaías, a reconhecer nas águas do Rio Jordão, o Menino que nasceu em Belém. “Eis o meu servo — eu o recebo; eis o meu eleito — nele se compraz minh’alma; pus meu espírito sobre ele, ele promoverá o julgamento das nações".
            De agora em diante não vemos mais um bebê nos braços de Sua Mãe, Maria, protegido por Seu pai, José. Hoje, no Jordão, o que vemos é um homem. Um homem como nós mesmos: Emanuel, Deus-conosco. Como nós, quer se fazer também necessitado de um batismo de penitência. Certamente, penitência não por causa dos próprios pecados - pois esta é a única característica humana com a qual Ele não se solidarizou conosco - mas pelos pecados de toda a humanidade.
            Jesus não tinha pecados, logo, não tinha motivos para se purificar no Jordão. Contudo, como veio revelar-nos o rosto de um Deus que ama o ser humano ao ponto de fazer as suas próprias experiências de fragilidade e pequenez, fez também, entrando naquela fila de pecadores a serem batizados por João, a experiência pela qual sabia que todos os homens da Terra fariam. Trata-se da experiência da pequenez, do pecado, da necessidade humilde de reconhecer-se pecador, necessitado de perdão e misericórdia.
            Tudo isso por um único motivo, isto é, para nos compreender, amar e perdoar sempre mais. É por isso que diante de qualquer sinal de arrependimento e conversão, Ele vem ao nosso encontro, cheio de misericórdia para conosco.
            Mas, no Rio Jordão, as pessoas que O observam não sabem nada a respeito de tudo isso. Vêem somente um pecador como todos os outros que ali estão.
            Assim, Jesus começa a indicar-nos o caminho do tempo comum, no qual entramos na vida litúrgica da Igreja, de agora em diante.
            Agora temos que seguir um homem que assume decididamente o caminho da humildade, do “esvaziamento de Si mesmo”. Aliás, temos que seguir o homem que nos leva a seguir um caminho exigente: “Ele vos batizará com o Espírito Santo e com fogo”.
            É necessário, porém que, primeiramente, reconheçamos a nossa necessidade de conversão. Hoje é preciso que nos coloquemos também nas margens do Rio Jordão, que deixemo-nos purificar sem temor de descer com Jesus, porque só assim participaremos da Sua glória (cf. Cl 3,4; Rm 8,17; 2Tim 2,11).
            Que esta liturgia da Solenidade do Batismo do Senhor nos ajude a compreender que só alça vôo para o alto quem, como Jesus, o Filho amado, souber “descer”, assim como Ele fez ao entrar nas águas daquele rio.

            Porque assim, e somente assim, o Pai reconhecerá em nós o reflexo do Seu Filho e pronunciará, também sobre nós, aquelas palavras maravilhosas que brotaram do Seu coração: “Tu és o meu filho amado, em ti ponho o meu querer”! Frei Alfredo Francisco de Souza, SIA - Missionário Inaciano - alfredodesouza1966@gmail.com/www.inacianos.org.br - https://www.facebook.com/www.inacianos.org.br

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