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Pároco Frei Alfredo Francisco de Souza, SIA.


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sábado, 25 de outubro de 2014

AMAR COMO DEUS AMA

(Liturgia do Trigésimo Domingo do Tempo Comum)

            O código da lei, que no livro do Êxodo acompanhava o pacto de aliança entre Deus e o Seu povo, prescrevia detalhadamente que o imigrante, a viúva e o órfão fossem respeitados e protegidos.
            O motivo fundamental dos comportamentos que a Bíblia pede ao homem é imitação de Deus. Isto é, como Deus se comporta nos confrontos conosco, assim também nós devemos nos comportar nos confrontos com os irmãos.
            "Não oprimas nem maltrates o estrangeiro, pois vós fostes estrangeiros na terra do Egito.Não façais mal algum à viúva nem ao órfão", ordena Deus na primeira leitura  (Êx 22,20-26), neste Trigésimo Domingo do Tempo Comum.
            O mesmo vale para quando se toma dos mais pobres, frágeis e desvalidos a sua condição de viver mais protegidos e seguros para sobreviver, o texto sagrado também recorda: "Se tomares como penhor o manto do teu próximo, deverás devolvê-lo antes do pôr do sol. Pois é a única veste que tem para o seu corpo, e coberta que ele tem para dormir". Caso contrário, prossegue, "se clamar por mim, eu o ouvirei, porque sou misericordioso”. Portanto, Aqueles que são "ligados" a Deus através Aliança, devem se comportar com Ele!
            A lei bíblica convida a imitar as atitudes e o estilo de Deus, reforçando a comunhão de vida com Ele. A Aliança neste contexto, de fato, é um conceito abstrato, mas extremamente concreto, que significa comunhão de vida com Deus e, portanto, também comunhão de comportamento e de valores.
            Na segunda leitura (1Ts 1,5c-10), com a sua atitude para com os destinatários da carta, Paulo procura refletir o mesmo amor de Deus. Que os tessalonissences possam imitá-lo, tornando-se modelo de fé e de amor para todos aqueles que convivem com eles.
            Libertos dos ídolos que alienam, voltem-se para o Deus verdadeiro, trabalhando assim, pelo advento do Reino, onde lhes será concedido viver para sempre. Esta é a boa notícia que Paulo lhes anuncia.
            A Palavra de Deus, neste domingo, nos chama ao que é essencial na vida. A primeira leitura reassume, no obedecer à Lei dada por Deus ao Seu povo, no encontro o Monte Sinai.
            Com o passar do tempo, porém, os mandamentos e as leis foram exageradamente multiplicados. Portanto, ficava cada vez mais difícil fixarem-se no que era essencial.            
            Nas escolas rabínicas se discutia a respeito de qual seria o maior mandamento. Eis que um fariseu, um doutor da lei, pretende envolver Jesus nesta discussão acadêmica, para colocá-Lo em situação de embaraço e constrangimento. Jesus responde com grande segurança e autoridade, reafirmando o preceito do amor a Deus e ao próximo.
            Na Lei de Israel esses dois mandamentos foram separados um do outro e aproximados com uma certa indiferença a vários outros.
            Jesus, faz algo novo a esse respeito, libertando a multidão dos excessivos preceitos humanos, apresentando como essencial os mandamentos divinos, colocando-os no centro das atenções, e afirmando que, na realidade, constituem uma coisa só. Trata-se, portanto, de um único mandamento.
            Jesus chega mesmo a fazer a "conjugação",  ou a junção desses dois mandamentos, como a palavra fundamental sobre valores e atitudes que Deus quer nos comunicar.
            Com relação a "leitura" que unifica o amor de Deus e ao próximo num só mandamento, por acaso não se perde o sentido da importância de Deus, quando ensina que a consequência desse amor deve gerar, necessariamente, um jeito e um estilo de Deus em nossas atitudes?
            Não haveria aí um horizontalismo exagerado no colocar o amor ao próximo ao lado do amor a Deus? Isto é, numa única maneira e mesma intensidade de amar?
            A primeira carta de São João nos dá uma resposta muito clara, capaz de balancear de forma magistral o modo como os "dois amores" são intimamente ligados: "Se alguém disser: "amo a Deus", mas odeia o seu irmão, é mentiroso; pois quem não ama o seu irmão, a quem vê, não poderá amar a deus, a quem não vê"(1Jo 4,20).
            Mais adiante, continua: "E este é o nosso critério para saber que amamos os filhos de deus: quando amamos a Deus e pomos em prática os seus mandamentos".
            Muitas vezes podemos pensar que devemos amar o próximo unicamente pelo amor de Deus! A expressão pode ser ambígua,  porque pode esconder um profundo desprezo a existência dos outros. Isso indicaria que o outro é tão desmerecedor do meu amor que, só pelo amor de Deus, eu poderia estar ao seu lado.
            Ao contrário, ama-se o próximo porque Deus o amou, porque o olhamos com o mesmo olhar de Deus.

            Deus imprimiu sua beleza ao criar cada ser humano e conhece a sua obra profundamente e, por isso, é capaz de amar todos os seres que criou. Deus restaura a beleza deturpada pelo pecado, através da redenção e do Seu perdão constantes. Amar é acolher esta obra de Deus.         O amar o próximo, característica principal dos cristãos, é acolher  a pessoa que passou por experiências terríveis de sofrimento e dizer-lhe, através do olhar, dos gestos e das palavras, que a amamos e que somos felizes porque  ela existe. Frei Alfredo Francisco de Souza, SIA - Missionário Inaciano - alfredodesouza1966@gmail.com 

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