O CÉU - NOSSA META, FUTURO E CASA
A
Solenidade da Assunção de Nossa Senhora, celebrada no Brasil neste domingo,
substituindo a liturgia do Vigésimo Domingo de Tempo comum, nos convida a
refletir e a concluir que, como Maria, cada um de nós é peregrino neste mundo e
não meros “passageiros” ou “turistas”!
Mas como compreender a Assunção
de Maria? O próprio Jesus já havia dito um dia aos Seus discípulos: “alegrai-vos, porque os vossos nomes estão
escritos nos céus”!? (Lc 10,20).
A celebração da Assunção de Nossa Senhora coloca ou recoloca cada um de nós
também neste caminho como peregrinos, de uma maneira toda nova. Recorda-nos também que a
nossa história, conduzida pelo amor de Deus, não é “escrita” em episódios sem
sentido, que nos jogam de um lado para o outro, mas que, pelo contrário, nos
lança na direção de uma meta e de um futuro!
O Apocalipse parece falar a
linguagem misteriosa do fim do mundo mas, na realidade, os seus símbolos são
tão fortes que tem o poder de atravessar toda a história da humanidade.
Hoje, por exemplo, na primeira
leitura (Ap 11,19a;12,1.3-6ab)
temos, de um lado, a figura monstruosa e assustadora do dragão
cor de fogo, que representa a força do mal que age na história. Do outro lado,
encontramos uma mulher que vive na agonia e nas dores do parto, vestida de sol,
com uma coroa de doze estrelas e a lua debaixo de seus pés.
Esta mulher é figura da Igreja,
envolvida com o "sol", isto é, a luz do Espírito Santo, da
ressurreição de Jesus, e tem uma coroa de doze estrelas, simbolizando as doze
tribos de Israel e os doze apóstolos. A lua debaixo de seus pés representa o tempo
em que a Igreja reina soberana, como realidade que goza do Reino inaugurado com
a ressurreição de Jesus. Ao mesmo tempo, a Igreja vive na História e, portanto,
sofre as dores de parto, a dor do nascimento dos filhos de Deus.
A criança, salva da tentativa de
assassinato do dragão, figura a descendência dos filhos de Deus, junto com o
Filho por excelência, o Messias, Jesus Cristo.
Os símbolos apocalípticos contrapõem
o humilde poder de Deus, que se manifesta na geração e na fecundidade, com o
soberbo poder do mal, que se manifesta de forma grotesca e monstruosa.
No fim, a vitória é do poder da
humildade de Deus, do mistério da fecundidade, escrito desde as páginas da
criação do mundo, como palavra que se cumpre e que plenamente se manifesta na
vida da Igreja.
Feliz aquela que acreditou no
cumprimento da Palavra de Deus, afirma Isabel a Maria, no Evangelho de hoje (Lc 1,39-56).
A fecundidade da Igreja é antecipada
pela fecundidade de Maria, não só física, mas também espiritual. Ela é mãe não
só porque gerou um filho, do ponto de vista biológico, mas também porque
acreditou no poder da Palavra de Deus na sua vida.
Daí, toda a nossa vida também pode
ser também, portanto, caracterizada por esta medida de grande fecundidade. Então,
na família, nas relações de trabalho e na comunhão eclesial, seremos fecundos
na medida em que permitirmos que a Palavra de Deus tome posse de nós, modifique
a nossa mentalidade, corrija as nossas atitudes de julgamento no confronto com
as pessoas com as quais convivemos e encontramos no caminho da nossa história. Tanto
mais fecundos seremos quanto nos desfizermos das tentações de posse, de inveja,
de egoísmo, de apego e de fechamento em nós mesmos, para aderir à realidade e à
possibilidade do bem e do amor ocultos na realidade que nos cerca.
Deus, às vezes, mantém
"oculto" de nós, quanto bem, quanto amor existe e está presente na
realidade à nossa volta. Na verdade, o que Deus deseja é que O busquemos, que
nos coloquemos na Sua dinâmica, saindo de nós mesmos para ir ao encontro dos
outros, e do Outro nos outros.
Este encontro é, por si só, fecundo!
O cerne deste percurso de fecundidade é a Assunção de Maria, como transformação
e geração, que caminha para o seu futuro, para o Céu.
É do Céu que Maria nos atrai ao Seu
Filho, pelo poder do Espírito Santo. É do céu que Maria contribui conosco e nos
regenera como filhos e filhas de Deus. É justamente pelo Seu papel especial na
história da salvação que podemos invocá-la, amá-la e rezar com ela e nela, sem
nenhum medo.
Não raro se ouve dizer que as
orações marianas, principalmente o rosário ou o terço, é uma oração inútil e
repetitiva. Mas quando dizemos a uma pessoa que a amamos, não dizemos uma única
vez e basta, mas pelo contrário, repetimos muitas vezes!
Maria nos conduz a Jesus. Através de
Suas mãos podemos nos oferecer a Ele, conscientes de que o Seu coração de mãe é
solidário com os nossos sofrimentos e dores e, ao mesmo tempo, nos coloca em
profunda comunicação com o coração de Cristo, fonte do Espírito Santo.
Peçamos ao Senhor a graça que
esta festa da Assunção, além de revelar a esperança do nosso futuro e do mundo,
nos dê a coragem de deixar a Ele, cada vez mais, a possibilidade de assumir
dentro do Seu Amor a minha e a sua vida, exatamente como fez com Maria, que "ficou
três meses com Isabel; depois voltou "para casa"! (Frei
Alfredo Francisco de Souza, SIA – Missionário Inaciano – www.inacianos.org.br- alfredosouza@me.com).
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