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Pároco Frei Alfredo Francisco de Souza, SIA.


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quinta-feira, 21 de abril de 2011

Gente Nossa no Japão

Iago, 15 anos, coroinha e após cerimoniário de nossa paróquia, reside, atualmente, no Japão, com o seu pai e a sua mãe, Simone, e nos concedeu esta entrevista a qual partilhamos com toda a comunidade,
PasCom: Quanto tempo você está morando no Japão, em qual cidade e região?
Iago: Estou no Japão desde abril de 2010, e moramos em Mie Ken, cidade de Iga shi, que fica ao leste do Japão.
PasCom: O que é "dishin"?
Iago: Esta palavra dishin gera muito pânico e medo ao povo japonês, por que eles falam que não sabem quando vai acontecer e nem onde, e muito menos a intensidade. Eles morrem de medo do dishin, que significa terremoto.
PasCom: Em quais cidades e região do Japão aconteceram as tragédias? Fica próximo de onde vocês residem?
Iago: Tudo aconteceu no norte do Japão, nas cidades de Sendai, Miagi e outras mais, Todos os dias acontecem terremoto, mais em Tóquio. As cidades estão devastadas. Essas cidades ficam bem longe de nós, mas sentimos tudo, menos o tsunami, Graças à Deus, pois o mar fica a 40 minutos de onde moramos, Como a cidade é cercada por montanhas, não tem como o tsunami chegar onde estamos.
PasCom: Como vocês sentiram a ameaça do terremoto?
Iago: No dia 11 estava em casa, no meu quarto quando minha mãe correu até mim e gritou: "Iago, está dando terremoto!" A casa toda tremia muito, o lustre balançava de um lado ao outro sem parar, foi por segundos, mas pareciam horas. ficamos os três apreensivos, e se não passasse iriamos fazer como aprendemos aqui, ou seja, sair de casa, ou fica embaixo da mesa para proteger a cabeça, mas aos poucos foi parando, e depois começou novamente tremer.
PasCom: Vocês sabiam que podia acontecer o tsunami?
Iago: Estava passando na TV a todo instante. A intensidade como ocorreu o terremoto. Logo começou a soar o alarme do tsunami, e começamos a ver a devastação pelas cidades.
PasCom: Como é viver com a ameaça da radiação da Usina Nuclear de Fukushima?
Iago: Hoje a radiação está forte no norte, perto de Fukushima, mas minha mãe está comprando água para nós não termos que beber da torneira, e estamos tomando todos os cuidados necessários, porque o medo da contaminação é muito grande. Nos mercados começou a faltar água potável, lamen e arroz, mas minha mãe fez nosso estoque para não faltar nada.
PasCom: Como estão vivendo a maioria dos japoneses nas regiões mais afetadas pelo terremoto e pelo tsunami?
Iago: O medo é grande, a dor desse povo é enorme. Temos muita vontade de ir até eles, no norte, e dar um pouco de carinho, apoio, mas estamos fazendo nossas orações daqui mesmo, pois está acontecendo muito terremoto lá. As usinas cada dia com mais problemas. É muito triste ver a dor, o desespero do povo japonês, daquela região, e não deixarmos de nos comover, é um povo muito forte, unido, mas a dor que todos têm passado é como se passássemos com eles. Hoje consigo entender o que significa o povo japonês, e eu os admiro muito. É um povo cansado de tanto sofrimento, pois foram bomba nuclear, vários terremotos e vulcão, mas com tanta força eles se levantarão e irão construir tudo novamente, ainda mais bonito que antes. Os japoneses são povo com costumes diferentes dos nossos, e aprendi a admirá-los muito, como meus pais também.
PasCom: Você e seus pais pretendem voltar para o Brasil?
Iago: Mesmo com tudo isso acontecendo aqui, jamais passou pela cabeça de meus pais e pela minha, voltarmos para o Brasil. Vamos ficar aqui, mesmo com tudo isso, porque estamos seguros aqui onde moramos e a vida continua, só termos fé sempre.
PasCom: Quer deixar recado para a comunidade de Santa Luzia?
Iago: Quero mandar um abraço a todos da comunidade de Santa Luzia, ao Frei Alfredo, aos amigos queridos, que tenho certeza que torcem muito por mim. Agradeço a todos de coração, estou muito feliz aqui com meus pais. Fiquem todos com a paz de Deus, muito obrigado.
Arigatou gozaimashita, gambate  kudasai Nippon! Muitíssimo obrigado, e força, por favor, Japão!

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