Um primeiro
passo é sempre bom, se for em direção à luz. Este é um pensamento de encorajamento
para motivar o início de um novo caminho, de uma nova fase. Pode ser também uma
síntese da festa deste primeiro domingo do ano novo.
A Igreja, nesta
solenidade de Santa Maria, Mãe de Deus, nos ajuda a dar o primeiro passo neste
ano novo, em direção à luz de um Deus que se fez homem.
Quando éramos
crianças e tínhamos medo de enfrentar qualquer situação ou coisa que não
conhecêssemos, pedíamos a ajuda da nossa mãe e ela, certamente, pegava a nossa
mão para nos guiar ou nos conduzir. É assim que Maria faz ainda hoje com cada
um de nós; toma-nos pela mão e nos ajuda a dar o primeiro passo em direção ao
ano de 2014.
A simplicidade
desta passagem do Evangelho (Lc 2,16-21),
deste primeiro dia no novo ano, em que celebramos a Solenidade de Santa Maria
Mãe de Deus, é tão extraordinária, como misteriosa e profunda. Em poucas linhas
são condensadas diversas cenas. Cada uma delas, riquíssimas.
Na primeira cena temos a chegada dos
pastores que, “Tendo-o visto, contaram o
que lhes fora dito sobre o menino”. Os próprios anjos haviam dito aos
pastores e isso não poderia eximi-los de divulgar a grande notícia.
Os pastores são quase
contagiados pelo prodígio e pelo contraste: um simples menino indefeso que,
apesar de sua fragilidade, manifesta a glória de Deus no mais alto dos Céus, e
ficam maravilhados quando escutam o que agora brota dos seus corações
entusiastas e cheios de alegria.
A segunda cena parece contrastar com a
primeira, mas é o núcleo da história porque dá o significado para a festa que
celebramos neste primeiro dia do ano novo. "Quanto
à Maria, guardava todos esses fatos e meditava sobre eles em seu coração".
Aqui é preciso entender que o anúncio dos pastores, em forma de conversa
entusiasmada da primeira cena, é o silêncio meditativo da segunda.
A Mãe de Deus
não dá sinais de exaltação ou euforia. Pelo contrário, manifesta o silêncio e a
meditação eloqüentes, como se quisesse instruir-nos sobre como se deve tratar as
coisas de Deus. Meditação e silêncio orante.
Maria fala pouco
no Evangelho. Aliás, quase nunca. As palavras parecem não servir. Às vezes,
como no pecado original, servem mais é para levar à tentação. Aqui, pelo
contrário, o silêncio que exprime a Redenção é reparador.
A terceira cena retoma a primeira, quase
evidenciando o contraste com relação à segunda, pois são ainda os pastores que não
se cansam de glorificar a Deus por tudo quanto “viram e ouviram”. Sejamos sinceros, somos tentados a crer que os
pastores foram instruídos por um coro de anjos, caso contrário não teriam
ficado tão entusiasmados.
Os anjos ainda são
mencionados na quarta cena, como para
dizer que não se está falando de um conto de fadas ou de uma fábula para
crianças. Ao Menino foi dado o nome de Jesus: "Quando se completaram os oito dias para a circuncisão do menino,
deram-lhe o nome de Jesus, como fora chamado pelo anjo antes de ser concebido".
Foi assim
chamado quando se cumpriram os dias para a circuncisão, à qual o Senhor se
submete para não transgredir as regras. Este texto não transmite apenas
história, mas nos diz respeito, sobretudo por atingir a vida um de nós, bem de
perto.
É São Paulo quem
dirá, resumindo em poucas linhas: "Quando se completou o tempo previsto, Deus
enviou o seu Filho, nascido de uma mulher, nascido sujeito à Lei.
Se, de fato, Deus
não quer transgredir as regras, fazendo outras regras novas, é em vista da vida
eterna, pela qual se sacrificou. Ele se ofereceu por nós “para que recebêssemos a dignidade de “filhos adotivos", como
nos afirma também a segunda leitura (Gl 4,4-7).
Além disso, Deus
"enviou o espírito de seu filho aos
nossos corações, o qual clama, 'Abba, Pai!", como prova de que somos
filhos de Deus e irmãos em Cristo.
Filhos,
portanto, não mais escravos. Não obstante, isto parece não ser suficiente. O amor
do Senhor faz de nós também herdeiros, co-herdeiros com Cristo. As palavras de
Paulo são inequívocas: "e, se és
filho, és também herdeiro". Palavras que não podem, jamais, serem
esquecidas. Feliz ano novo! (Frei Alfredo Francisco de Souza, SIA – Missionário Inaciano – www.inacianos.org.br –formador@inacianos.org.br).
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