CONGREGAÇÃO MISSIONÁRIA DE SANTO INÁCIO DE ANTIOQUIA - MISSIONÁRIOS INACIANOS
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sexta-feira, 31 de janeiro de 2014
sábado, 4 de janeiro de 2014
EPIFANIA DO SENHOR
O Menino nascido
em Belém não é apenas o Filho de Deus anunciado no segredo do coração a Maria e
José. Não é apenas o Salvador anunciado e adorado pelos anjos e pastores, mas é
também o Rei de Israel, não acolhido pelo Seu povo, condenado à morte pelo
poder político e reconhecido com Luz para todos os povos.
O evangelista
Mateus (Mt 2, 1-12) nos comunica
esta realidade com a famosa história dos Magos do Oriente, na qual não é fácil
distinguir o que, de fato, é história ou o que é metáfora.
Mateus não se
prolonga muito sobre o nascimento de Jesus, em si, mas nos apresenta alguns
acontecimentos e personagens diretamente ligados ao acontecimento, porque é
isso que nos permite descobrir o caráter extraordinário daquele Menino.
Os reis Magos
entram em cena. Mago é um nome genérico que, naquele tempo, indicava os
representantes do saber natural e religioso do Oriente.
O que os três sábios
fazem e dizem nos permitem conhecê-los mais a fundo. Ou seja, empreenderam uma
viagem longa e difícil levando no coração uma pergunta viva, nascida da
descoberta de uma estrela que, como era comum no pensamento antigo, ligavam ao
nascimento de algum personagem importante. Eis, portanto, a pergunta: onde o
rei nasceu?
Não se trata de
mera curiosidade. O que, na verdade, eles desejam é encontrá-Lo para adorá-Lo. Chegam
a Jerusalém e perguntam às autoridades. O rei Herodes e todos os cidadãos de
Jerusalém não sabem nada do que aconteceu, e se assustam quando ouvem a notícia
dos Magos.
O medo é sempre
o contrário da esperança e do desejo de encontrar algo novo. Por motivos
diferentes Herodes também se faz a pergunta sobre “onde” devia nascer o Messias.
Ele, pagão e chefe político ligado aos romanos, reúne e interroga as pessoas
mais importantes da religião hebraica.
A pergunta,
finalmente, encontra resposta da parte daqueles que conhecem as Escrituras. Belém,
a cidade de Davi é o lugar onde deve surgir o Pastor de Israel. Sabendo disso,
os chefes religiosos não se preocupam em pôr-se em movimento para encontrá-lo,
diferentemente dos magos, nem ficam perturbados como Herodes.
Na verdade, eles
representam aquele povo que, embora tendo recebido as promessas de Deus
expressas nas Escrituras, não soube vê-las realizadas em Jesus.
A resposta da
Escritura, na verdade, coloca Herodes em movimento, que concretiza o seu plano.
Herodes chama os magos de noite e lhes manda ao lugar indicado pelo Profeta,
com uma ordem. Eles deveriam retornar e informar tudo o quanto possível sobre o
Menino, para que ele também fosse adorá-Lo.
Para o poder
político Jesus é um inimigo em potencial, como se mesmo ainda antes de começar
a falar Ele já denunciasse a pretensão do poder totalitário e desumano.
E eis que a
estrela, que guia os Magos, retorna ao objetivo da sua viagem, enchendo-os de
alegria.
As palavras da
Escritura não servem muito para os Magos, homens de outras religiões, quanto
servem para os cristãos provenientes do judaísmo, para crer que Jesus cumpre a
profecia sobre Belém e é, verdadeiramente, o Messias.
Ao contrário do
que indica a profecia da Escritura, os Magos chegam até o Menino seguindo a
estrela. São guiados pelo divino, já que a estrela aparece no céu, lugar
simbólico da divindade.
A estrela que
guia só é visível àqueles que estão dispostos a reconhecer naquele Menino um
rei. Conclui-se, portanto, que todo o espisódio mostra a quem Deus torna o Seu
Filho conhecido. Certamente, não é o suficiente saber o que a Bíblia diz sobre
o Messias para crer em Jesus. Tampouco pode encontrá-lo quem O tem como um
inimigo em potencial, como acontece com Herodes.
Somente os Magos
encontram Jesus e realizam o objetivo da sua viagem. O sonho final dos Magos
confirma que quem guia e conduz a história em torno desse Menino é Deus. Confirma
também que, quem não é movido pela fé e não se deixa por ela guiar, não pode
encontrá-Lo.
Os Magos
percorrem outro caminho e retornam para as suas casas. Por que será que não se
puseram a anunciar a todos a sua descoberta? Porque eles são apenas um sinal
colocado no início da história de Jesus, para dizer-nos que com a Sua vida,
radicada na experiência do povo de Israel, Ele anuncia e realiza o plano de
salvação que Deus oferece a todas as nações e aos povos de todas as culturas,
como também a qualquer pessoa que se põe a caminho, seguindo uma estrela, e chega
até ao menino para adorá-lo.
Estamos hoje num
tempo em que as pessoas de diferentes culturas e religiões vivem lado a lado. A
mensagem desta página do Evangelho ilumina o testemunho que os cristãos devem
dar ao seu Senhor.
Assim como Maria
e José, os cristãos devem estar dispostos a acolher a todos aqueles que querem
conhecer Jesus e reconhecê-Lo como o Senhor.
Não devem, pelo
contrário, se preocupar tanto em convencer, tampouco condenar quem é diferente
de si, mas unicamente devem manifestar com a própria vida a mensagem que Jesus
anunciou e o caminho de salvação que abriu para todos os homens. (Frei Alfredo Francisco de Souza, SIA
– Missionário Inaciano – www.inacianos.org.br –formador@inacianos.org.br).
quarta-feira, 1 de janeiro de 2014
SOLENIDADE DE SANTA MARIA MÃE DE DEUS
Um primeiro
passo é sempre bom, se for em direção à luz. Este é um pensamento de encorajamento
para motivar o início de um novo caminho, de uma nova fase. Pode ser também uma
síntese da festa deste primeiro domingo do ano novo.
A Igreja, nesta
solenidade de Santa Maria, Mãe de Deus, nos ajuda a dar o primeiro passo neste
ano novo, em direção à luz de um Deus que se fez homem.
Quando éramos
crianças e tínhamos medo de enfrentar qualquer situação ou coisa que não
conhecêssemos, pedíamos a ajuda da nossa mãe e ela, certamente, pegava a nossa
mão para nos guiar ou nos conduzir. É assim que Maria faz ainda hoje com cada
um de nós; toma-nos pela mão e nos ajuda a dar o primeiro passo em direção ao
ano de 2014.
A simplicidade
desta passagem do Evangelho (Lc 2,16-21),
deste primeiro dia no novo ano, em que celebramos a Solenidade de Santa Maria
Mãe de Deus, é tão extraordinária, como misteriosa e profunda. Em poucas linhas
são condensadas diversas cenas. Cada uma delas, riquíssimas.
Na primeira cena temos a chegada dos
pastores que, “Tendo-o visto, contaram o
que lhes fora dito sobre o menino”. Os próprios anjos haviam dito aos
pastores e isso não poderia eximi-los de divulgar a grande notícia.
Os pastores são quase
contagiados pelo prodígio e pelo contraste: um simples menino indefeso que,
apesar de sua fragilidade, manifesta a glória de Deus no mais alto dos Céus, e
ficam maravilhados quando escutam o que agora brota dos seus corações
entusiastas e cheios de alegria.
A segunda cena parece contrastar com a
primeira, mas é o núcleo da história porque dá o significado para a festa que
celebramos neste primeiro dia do ano novo. "Quanto
à Maria, guardava todos esses fatos e meditava sobre eles em seu coração".
Aqui é preciso entender que o anúncio dos pastores, em forma de conversa
entusiasmada da primeira cena, é o silêncio meditativo da segunda.
A Mãe de Deus
não dá sinais de exaltação ou euforia. Pelo contrário, manifesta o silêncio e a
meditação eloqüentes, como se quisesse instruir-nos sobre como se deve tratar as
coisas de Deus. Meditação e silêncio orante.
Maria fala pouco
no Evangelho. Aliás, quase nunca. As palavras parecem não servir. Às vezes,
como no pecado original, servem mais é para levar à tentação. Aqui, pelo
contrário, o silêncio que exprime a Redenção é reparador.
A terceira cena retoma a primeira, quase
evidenciando o contraste com relação à segunda, pois são ainda os pastores que não
se cansam de glorificar a Deus por tudo quanto “viram e ouviram”. Sejamos sinceros, somos tentados a crer que os
pastores foram instruídos por um coro de anjos, caso contrário não teriam
ficado tão entusiasmados.
Os anjos ainda são
mencionados na quarta cena, como para
dizer que não se está falando de um conto de fadas ou de uma fábula para
crianças. Ao Menino foi dado o nome de Jesus: "Quando se completaram os oito dias para a circuncisão do menino,
deram-lhe o nome de Jesus, como fora chamado pelo anjo antes de ser concebido".
Foi assim
chamado quando se cumpriram os dias para a circuncisão, à qual o Senhor se
submete para não transgredir as regras. Este texto não transmite apenas
história, mas nos diz respeito, sobretudo por atingir a vida um de nós, bem de
perto.
É São Paulo quem
dirá, resumindo em poucas linhas: "Quando se completou o tempo previsto, Deus
enviou o seu Filho, nascido de uma mulher, nascido sujeito à Lei.
Se, de fato, Deus
não quer transgredir as regras, fazendo outras regras novas, é em vista da vida
eterna, pela qual se sacrificou. Ele se ofereceu por nós “para que recebêssemos a dignidade de “filhos adotivos", como
nos afirma também a segunda leitura (Gl 4,4-7).
Além disso, Deus
"enviou o espírito de seu filho aos
nossos corações, o qual clama, 'Abba, Pai!", como prova de que somos
filhos de Deus e irmãos em Cristo.
Filhos,
portanto, não mais escravos. Não obstante, isto parece não ser suficiente. O amor
do Senhor faz de nós também herdeiros, co-herdeiros com Cristo. As palavras de
Paulo são inequívocas: "e, se és
filho, és também herdeiro". Palavras que não podem, jamais, serem
esquecidas. Feliz ano novo! (Frei Alfredo Francisco de Souza, SIA – Missionário Inaciano – www.inacianos.org.br –formador@inacianos.org.br).
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