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Pároco Frei Alfredo Francisco de Souza, SIA.


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sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012

HOMILÍA - DOMINGO - 26/02 - O TEMPO SE COMPLETOU: CONVERTEI-VOS!

O TEMPO SE COMPLETOU: CONVERTEI-VOS!

A Palavra de Deus, à primeira vista, traz um conteúdo misterioso nas leituras de hoje, mas, com certeza, conteúdoessencial, na medida em que nas poucas linhas do Evangelho recebemos a proposta do convite fundamental para uma autêntica vida na fé cristã:“Convertei-vos e crede no Evangelho”. Foi recebendo cinzas sobre as nossas cabeças que iniciamos o itinerário quaresmal, juntamente com a exortação, apontada como projeto.
O apelo de Jesus é por uma conversão que deve partir do íntimo do coração humano, pois, como Ele ensinou, “É do coração humano que provém os propósitos maus, os homicídios, os adultérios, as prostituições, os furtos, os falsos testemunhos, as blasfêmias”(Mt 15,19). Colherá os frutos do processo de conversão quem for capaz de admitir humildemente que tem muitos erros; quem for capaz de penitenciar-se por causa das más escolhas feitas, repetindo as palavras do rei Davi: “Reconheço toda a minha iniquidade, o meu pecado está sempre à minha frente, foi contra vós que eu pequei e pratiquei o que é mau aos vossos olhos” (Sl 50, 5). Será convertido, igualmente, os homens e mulheres que tiverem coragem de seguir o exemplo do filho Pródigo, que oprimido pela fome “caiu em si” (Lc 15,17), abandonando o caminho do pecado, para voltar aos braços do Pai.
Para chamar a atenção para a urgência do convite à mudança profunda e do íntimo do nosso ser, Jesus sublinha: “O tempo se cumpriu e o Reino de Deus está próximo”. Não é algo distante. Cada um de nós é chamado a aderir à Boa Notícia aqui e agora.  Mas de que maneira? Convertendo-se! A Palavra de Deus prescreve uma mudança radical de caminho e de direção viável somente a partir de uma vida de penitência que parte do próprio desejo de resistir às tentações deste mundo.
Para dar-nos o exemplo Jesus, impelido pelo Espírito, foi ao deserto onde permaneceu por quarenta dias, tentado por satanás. Nas tentações, entre as feras, os anjos O serviam. Éa partir dessa terrível experiência que Ele vem apresentar-nos o Reino.
As tentações que o Senhor suportou resumem as tentações que, a todo o momento, submetem a natureza humana, mas é justamente a fé no Reino de Deus, que já está no meio de nós, que pode fortalecer-nos dando-nos condições necessárias para resistí-las. Sobretudo se não nos isolamos numa “ilha”, mas pelo contrário, se vivemos em comunhão com a Igreja, que nos serve como os anjos serviram ao Senhor, e em comunhão com nossos irmãos e irmãs no caminho da salvação, impulsionados e encorajados pelo Espírito.
A maior tentação pode vir da incompreensão de quem convive conosco.  O evangelista São Marcos além de falar de satanás, fala explicitamente de feras. Ou seja, os que prejudicam a vida daqueles que pensam diferente, daqueles que “atrapalham”, assim como João batista que foi arrastado para a prisão. Santo Inácio Mártir também se refere a esse tipo de feras nos seus escritos. Não apenas àquelas feras que sabia que encontraria no coliseu, em Roma, mas, sobretudo aquelas “feras” que estavam arrastando-o violentamente como um homem perigoso àsideias do sistema do Império.
O deserto ao qual se refere a Palavra de Deus neste primeiro domingo da quaresma, obviamente, deve ser compreendido no sentido mais amplo possível. O sentido do deserto como medo da solidão, por exemplo, parece tornar difícil a missão de Deus, mas é aí que vemos à proclamação do Reino. Este é o melhor e o maior modo de testemunhar e é a esse testemunho que Jesus nos convida.
Para fortalecer ainda mais a nossa confiança, há também a Aliança feita a Noé e à sua descendência, “Este é o sinal da Aliança que coloco entre mim e vós, e todos os seres vivos que estão convosco, por todas as gerações futuras”. A Aliança feita com a “nova humanidade” a partir da água é uma Aliança que diz respeito à toda a criação: “Então eu me lembrarei de minha Aliança convosco e com todas as espécies de seres vivos”!Está explícito: “Não tornará mais a haver dilúvio que faça perecer nas suas águas toda criatura”!
A garantia desta certeza, como nos recorda o Apóstolo Pedro na segunda leitura, nos é dada pelo próprio Cristo que “morreu, uma vez por todas, por causa dos pecados (...), a fim dereconduzir-nos a Deus”! Morreu uma vez por todos, tanto que “no Espírito, Ele foi também pregar aos espíritos na prisão, aos que foram desobedientes antigamente”! A bondade de Deus se destina também a eles, justamente pela promessa feita a Noé, cuja “água é sinal do batismo (...), como um pedido a Deus para obter uma boa consciência, em virtude da ressurreição".É para essa realidade e por causa dela que devemos nos converter, haja vista que o tempo já se completou! (Frei Alfredo Francisco de Souza, SIA – Superior dos Missionários Inacianos – formador@inacianos.org.br – Website: www.inacianos.org.br).

MISSA DE SÃO BRÁS 03/02






MISSA INACIANA - 10 DE FEVEREIRO

Na Celebração da missa, a posse da nova diretoria dos Oblatos da Família Inaciana e o agradecimento de Frei Alfredo pela gestão da Coordenação anterior.

Diretoria para o mantado de Janeiro de 2012 a Janeiro 2015

Presidente: Elizabete Maria Martins Alfredo

Vice-presidente: Solange Arts Munhoz

1º Tesoureiro: Sônia Márcia Ponce Ferreira Néri

2º Tesoureiro: Adilson Segundo

1º Secretário: Giseli F. Tech Segundo

2º Secretário: Yvone Souza Silva





















































quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

QUARTA-FEIRA - IMPOSIÇÃO DAS CINZAS E INÍCIO DA CAMPANHA DA FRATERNIDADE

FRATERNIDADE E SAÚDE PÚBLICA

Como Deus disse ao profeta Samuel, “Eu não vejo como o homem vê. O homem vê a aparência, o Senhor vê o coração” (1Sam 16,7).














quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012

Liturgia da Quarta-feira de Cinzas – Tempo da Quaresma

CONVERTEI-VOS E CREDE NO EVANGELHO!
Liturgia da Quarta-feira de Cinzas
Tempo da Quaresma

O tempo da Quaresma, que se inicia hoje, é uma ótima ocasião para reaquecer a nossa vida com o fogo do amor de Deus: “Hoje não endureçais o vosso coração, mas ouvi a voz do Senhor!” (Sl 94,8), convida o salmista da liturgia desta quarta feira de cinzas.
O primeiro dia desse tempo começa logo a “quebrar o gelo” do nosso coração. O ponto de partida é o mesmo amor de Deus, tão misericordioso a ponto de esquecer os pecados, inclusive os mais graves, para o bem do pecador que se converte. O Senhor Deus que criou tudo, ama tudo, não despreza nada e a todos dá a possibilidade do arrependimento.Somos convidados neste início de quaresma a derramar um pouco de cinzas sobre a cabeça começando, assim, um itinerário com este gesto importante que assinala o ponto de partida de cada fiel que busca converter-se e crer no Evangelho, abrindo-seao serviço a Deus e ao próximo.
As nossas mesas deveriam tornar-se mais simples, para que o jejum nosajudasse a ter fome e sede de Deus. As nossas mãos deveriam abrir-se muito mais para se estenderem na direção das necessidades do próximo. Só assim podemos “enfrentar vitoriosamente com as armas da penitencia,o combate contra o espírito do mal”. Quaresma quer dizer, portanto, luta na esperança de uma vitória. E a luz da Palavra de Deus nos oferece os meios para esta luta.
Bastaria reler e meditar bem o Evangelho de hoje quenos convida a mergulhar nesse olhar do Pai que vê o que está oculto, para alegrar-nos com o Seu amor, enquanto procuramosser “mais brancos do que a neve”!Temos consciência dessa necessidade, pois no dia a dia experimentamos a fragilidade e a discrepância entre o desejo da santidade e a nossa vida concreta.
Somos feitos de bons propósitos, renúncias, alguns atos de caridade, mas às vezes, constatamos que nada muda! Talvez, devêssemos começar a mudar a nossa maneira de pensar. Talvez, devêssemos crer verdadeiramente, e pode ser este o tempo propício para isso. Ao viver intensamente este tempo propício para a conversão e ao celebrá-lo intensamente escutando a Palavra de Deus com atenção e docilidade, certamente, experimentaremos um dom imenso da Sua parte. Ele vê o nosso coração, sabe que está se purificando e nos dá a oportunidade necessária para colocar em ordem a nossa vida.
Nestes quarenta dias Deus é o primeiro a caminhar ao nosso encontro, no deserto da nossa vida, com a Sua Aliança e a Sua amizade. 
O deserto para Israel não foi um lugar fácil. O tempo dos quarenta anos significou viver sob uma tenda, sem morada fixa, na total falta de segurança. Muitas vezes foi tomado pela tentação de retornar à escravidão do Egito onde, pelo menos, o alimento era assegurado, mesmo que fosse comida de escravos. Na precariedade do deserto foi o próprio Deus que providenciou água e alimento para o Seu povo, defendendo-o dos perigos. Assim, a experiência da dependência total de Deus tornou-se para os Hebreus um caminho de libertação da escravidão para servir a Ele e ao próximo.
O período quaresmal nos impulsiona a percorrer espiritualmente o mesmo itinerário, exortando-nos àquela conversão que nos permitirá chegar purificados ao dia da Páscoa, ao coração do mistério cristão, da qual somos chamados a ser no mundo testemunhas alegres, como fiéis que professam com convicção a ressurreição e a vida eterna, alegres anunciadores do Paraíso; mesmo que experimentemos, muitas vezes, a incapacidade de proclamar o Evangelho com a própria vida.
Neste tempo de conversão, é necessário, mais do que nunca, como revisão de vida e superação da mediocridade, na consciência de que não cabem mais em nossas vidas, gestos superficiais,teatrais e sensacionalistas.
Não é tempo de rasgar as vestes. Deixemos aos fariseus esse gesto ritual que exprime indignação. No nosso caso, pelo contrário, precisamos rasgar o coração: “Rasgai o vosso coração e não as vossas vestes”, exorta o profeta Joel.
A conversão deve, portanto, partir do íntimo do coração humano, pois, como disse Jesus, “É do coração humano que provém os propósitos maus, os homicídios, os adultérios, as prostituições, os furtos, os falsos testemunhos, as blasfêmias” (Mt 15,19). Essa mudança profunda das atitudes mais íntimas, isto é, a conversão, é uma ocasião de arrependimento para ir do amor a si mesmo ao amor de Deus.  Uma passagem, portanto, necessária do “eu” a “Deus”! É já mesmo antes da Páscoa e em preparação para celebrá-la, uma passagem pascal que se dá na própria dinâmica da conversão.
Converter-se significa admitir humildemente quetemos muitos erros; significa penitenciar-se por causa das más escolhas feitas, repetindo as palavras do rei Davi: “Reconheço toda a minha iniquidade, o meu pecado está sempre à minha frente, foi contra vós que eu pequei e pratiquei o que é mau aos vossos olhos”(Sl 50, 5). Converter-se significa seguir o exemplo do filho Pródigo, que oprimido pela fome “caiu em si” (Lc 15,17), abandonando o caminho do pecado, para voltar aos braços do Pai.
Deus espera a nossa volta sempre! O próprio Jesus nos ensina como empregar este tempo de preparação para a Páscoa, sugerindo o que se deve evitar e o que se deve fazer: “Guardai de praticar as vossas boas obras diante dos homens”!
Bem sabemos que o estilo do mundo é um estilo de aparências; aparências descaradamente vazias, no jogo do enganodos expedientes mesquinhos, vazios e ridículos.
O tempo de conversão tem, ao contrário, necessidade da solidez das coisas, segundo o princípio da vida espiritual,para o qual nada tem valor, nada conta quando feito só para parecer e aparecer.  Como Deus disse ao profeta Samuel, “Eu não vejo como o homem vê. O homem vê a aparência, o Senhor vê o coração” (1Sam 16,7).
Se o que buscamos é a aprovação dos homens, demonstramos não ser inteligentes, porque a sua aprovação, mesmo que nos agrade, nunca poderá nos dar aquilo que não temos.  É bom lembrar o que nos diz sobre isso o Apóstolo Paulo: “Pois buscoeu agora o favor dos homens ou o favor de Deus? Ou procuro agradar aos homens? Se estivesse ainda agradando aos homens, não seria servidor de Cristo” (Gl 1,10).
Quanto ao que diz respeito aos compromissos que devem caracterizar o nosso caminho quaresmal, o Senhor se detém em três pontos da prática religiosa, cara à tradição de Israel: a esmola, a oração e o jejum, apresentando-os como um convite urgente, persuasivo e ao mesmo tempo, pessoal e delicado.
Quando deres esmola, não saiba a tua mão esquerda o que faz a tua direita; quando rezardes, entra no teu quarto, quando jejuardes, perfuma a cabeça e lava o rosto e o teu Pai que vê o que está escondido em segredo, te dará a recompensa”! Com estes três grandes exemplos o Senhor nos ensina o caminho da interioridade e do primado de Deus sobre a vida.
Iniciemos, particularmente, este período com a observância do jejum, de uma maneira séria e comprometida, de fato, olhando ao nosso redor para ver os mais necessitados que nos estendem as mãos. O ensinamento do grande São Pedro Crisólogo pode nos ajudar nesse sentido: “Jejuando, portanto, irmãos, coloquemos o nosso alimento na mão do pobre; (...). A mão do pobre é o banco de Cristo, porque Cristo acolhe tudo aquilo que o pobre recebe. Dá, portanto, ó homem, a terra ao pobre, para ter o céu; dá o dinheiro, para ter o Reino; dá uma migalha, para ter o tudo” (São Pedro Crisólogo, Sermões, 8, 4).
Meusirmãos e irmãs desejouma boa e frutífera quaresma. Demos espaço a Deus, demos-Lhe o nosso tempo. Ele não fará outra coisa senão, encher-nos de alegria, a verdadeira alegria de quem se converte e crê no Evangelho! (Frei Alfredo Francisco de Souza, SIA – Superior dos Missionários Inacianos – formador@inacianos.org.br – Website: www.inacianos.org.br).

sábado, 18 de fevereiro de 2012

Homilia da Liturgia do domingo - 19 de fevereiro de 2012


EU TE ORDENO: LEVANTA-TE!
(Liturgia do Sétimo Domingo do Tempo Comum)

Antes de passarmos pela grande porta da Quaresma, que na próxima quarta feira nos introduzirá no caminho árido do deserto, o Senhor quer nos confortar hoje com palavras cheias de esperança. Palavras quase a nos dizer: “Caminhai com coragem no caminho da penitência, do silêncio e da renúncia, porque é ali mesmo, nesse deserto, que abrirei uma estrada; é ali mesmo que farei correr um rio”.
Como Deus é bom e sábio! Ele não exige nada de nós sem que tenha primeiro nos assegurado que, daquele “sim”, que hoje nos pede, nascerá a vida nova e a alegria. Abramo-nos, então, com confiança ao futuro.
Neste sétimo domingo do Tempo Comum somos convidados a aceitar o Seu convite: “Não relembreis mais coisas passadas, não olheis para fatos antigos.”! Também no passado do povo de Israel Deus já tinha realizado coisas grandiosas. No Mar Vermelho, havia aparecido um caminho e o inimigo tinha sido derrotado. Mas isso não é nada em comparação com o que ainda aconteceria. Ele realizaria o grande milagre do Seu perdão para conosco!
Temos consciência de que o nosso pecado não se rende, nem mesmo diante das coisas grandiosas realizadas por Deus, em nosso favor. Pelo contrário, o pecado nos assalta e rouba do nosso coração a alegria e o “espanto” que seria natural diante das graças de Deus. Aquele pecado, que entristece e desanima a nós, entristece também o Senhor. Contudo, Jesus nos ensina que Ele se cansa do pecado, mas não de nós!
Então, enche-nos de esperança a certeza de que Deus busca, a todo o momento, vencer e eliminar em nós o pecado, mas jamais a nós, os pecadores.  Nós somos perdoados e salvos!
É esta a maravilha e a novidade que brota silenciosa, mas com toda a intensidade, no deserto da nossa vida! O Seu perdão! “Por amor de mim mesmo”.  Isto é, Deus ama em nós aquela imagem e semelhança que Ele mesmo imprimiu desde a origem dos tempos. O Senhor é um Deus que não suporta vê-la deturpada e, para reconstruí-la quando a destruímos pelo pecado, encontra o único e infalível caminho, o seu perdão!
Mas nós cremos no seu perdão? “O que é mais fácil: dizer ao paralítico, os teus pecados estão perdoados, ou levanta-te, toma a tua cama e anda”? Para nós, o que é mais fácil? Até que ponto cremos no perdão concedido por Deus?  Há em nosso meio ainda pessoas que, como os Escribas e Fariseus não só não aceitam que na Terra o Filho do Homem tenha o poder de perdoar os pecados, como também, não aceitam que Ele, no dia mais importante, isto é, no domingo da ressurreição, tivesse transmitido essa faculdade e essa missão aos continuadores da sua Obra, os Apóstolos e aos seus sucessores?
Refiro-me àquele pecado que continua a ocupar o nosso pensamento, a atravancar o nosso caminho. Um pecado ou um mal, que nos torna paralíticos, porque imobiliza os passos. Um pecado ou uma situação ainda capaz de manter um efeito desestabilizador nossas vidas.
O que é mais fácil, crer que um membro possa voltar a articular-se ou crer, sem hesitação no perdão concedido a nós, por Deus? Retomar o caminho depois de uma vida de imobilidade ou ver reacender-se uma centelha de alegria e de esperança no deserto de uma vida sem Deus?
O paralítico é trazido a Jesus pela boa vontade de quatro amigos tão empenhados em ajudá-lo, a ponto de descobrir um telhado. É claro, os telhados das casas de Israel não ofereciam tanta resistência assim.  De qualquer maneira, não é difícil imaginar uma cena tão cheia de amor e de fé, quanto à atitude desses quatro indivíduos, que desaparecem depois da cura e do perdão concedido ao amigo. Aparentemente são dispensáveis, mas tem um papel fundamental.
Sem eles o irmão doente não teria sido trazido a Jesus, tampouco teria obtido a cura, mas muito pior ainda, não teria alcançado o perdão!
Como é fundamental ter encontrado pessoas assim, ao longo da nossa existência, capazes de se compadecerem de nossas paralisias e estagnação em situações de pecado e de tristeza!
Coloquemo-nos no lugar do paralítico, no seu corpo e no seu espírito, e olhemos ao nosso redor. Sintamos a gratidão que ele deve ter brotado do seu coração, ao reconhecer as mãos estendidas na direção das suas misérias! Mãos que revelam que nada é impossível para um Deus que é todo perdão; que há sim, uma possibilidade!
Mas coloquemo-nos também no lugar dos quatro homens solidários. Há, ao nosso redor, alguma necessidade? Alguém necessitado? Não apenas necessidades físicas ou materiais, porém, ainda mais exigentes, necessidades morais? Éticas? Há algum irmão ou irmã para transportarmos para diante do olhar de Jesus a fim de que receba o Seu perdão? Não pensemos apenas nos irmãos e irmãs que vivem aberta e/ou deliberadamente longe de Deus. Pensemos também nos nossos ambientes declaradamente cristãos, paroquiais, de fraternidades religiosas, familiares e associações diversas.
Todos nós sabemos que o pecado se aninha em todos os lugares. Sabemos também que, muitas vezes, é tão sutil, mesmo na Casa de Deus, ou seja, na Igreja e no meio dos nossos irmãos, seus filhos e filhas.
Também entre nós pode haver alguém que precise ser “carregado” por nós à graça do perdão, porque o seu próprio pecado o paralisa e o impede de caminhar em direção à verdadeira liberdade. Liberdade de pessoa, filho e filha de Deus.
Talvez você e eu possamos fazer algo por alguém que esteja em situação semelhante; talvez possamos ser o veículo e o meio para levá-lo ao perdão, ou condutores do perdão, para depois permitir-lhe que encontre aquele olhar de misericórdia que lhe dará, finalmente, a vida! Podemos ser, justamente, os que precisam deixar-se transportar até à ação misericórdiosa de Jesus, através da mudança de vida e também do Sacramento da reconciliação.
Por causa do paralítico do Evangelho quatro pessoas se mobilizaram. Como seria bonito se também entre nós fosse assim? Se fosse a comunidade, não apenas um ou outro, que ajudasse no esforço desse movimento de amor para levar o irmão à vida! Obviamente não agirá assim quem preferir escandalizar-se e ler na lei, o perdão concedido a um irmão como se fosse uma blasfêmia, a ponto de frear o amor de Deus! Mas se todos conseguirmos enxergar a pessoa que se encontra numa situação como a do paralítico, com compaixão e misericórdia, criaríamos em torno dele, aquele clima de perdão e de paz, e estaríamos abrindo um “buraco” no “teto” da intolerância, criando assim, uma ponte entre o céu e a Terra, entre Deus e o ser humano caído, entre a escravidão e a liberdade!
Em Jesus todas as promessas de Deus se realizam. Existe promessa maior do que a da alegria, na qual todos nos unimos com todo o coração, e que ao encontrarmos a vida plena n’Ele, nos pode ser garantida? Existe um “sim” maior do que aquele pronunciado por Jesus, como um novo chamado à vida, depois que venceu na Cruz a própria morte e matou o próprio pecado?
Que as nossas atitudes sejam como as de Jesus, para a glória de Deus Pai, como uma resposta pronta e alegre à vida, à Igreja e aos nossos irmãos e irmãs.
Acreditemos no amor de Deus para que atitudes assim possam correr como um rio, pelo deserto do mundo e através da Sua Igreja, realizar grandes coisas. Coisas maiores e muito melhores que as coisas passadas e os fatos antigos! (Frei Alfredo Francisco de Souza, SIA – Superior dos Missionários Inacianos – formador@inacianos.org.br – Website: www.inacianos.org.br).